20.5.08

MAIS NOTAS DA AUTORA

Para quem já é familiar nestas andanças bloguinas sabe que PRAINHA é sinónimo de grandes posts - já houve queixas, digo sugestões. Tenho contudo tentado reduzir a extensão dos mesmos, introduzi também umas fotos que parecem muito pequenas - já houve mais queixas - mas se clicarem 2 vezes nas ditas cujas quase podem procurar o Wally.
Não quero com isto afugentar os meus potenciais novos leitores desta novela portanto estou aberta a sugestões. Como podem imaginar actualizar o blog é quase um segundo trabalho - não remunerado, ainda por cima - e portanto peço toda a paciência e compreensão para com a actualização do mesmo. A todos desejo uma excelente leitura desta série de TV, digo saga de Prainha.

19.5.08

USHUAIA

























21 de Abril de 2008

Depois de uma noite de profundo descanso apesar dos nossos companheiros de quarto terem-se levantado e saído escandalosamente cedo acordámos em Ushuaia, cidade mais austral do nosso planeta ou para muitos o Fim do mundo se ele existisse, mesmo quase na pontinha da América do Sul.
Abro as cortinas e a vista é absolutamente fantástica - deparo-me com a tranquila vila piscatória à beira mar plantada. Depois do contraste das poucas horas passadas em Buenos Aires entre abraços e beijinhos dos nossos anfitreães Billy e Paulão e de mais uma viagem de 5 horas de avião, começa a valer a pena. Ainda sem planos esperamos o nosso 3º elemento - Té, prima do Felipão. Decidimos então ir explorar a pequena cidade. "Vão ao presídio!" - sugeriu a Billy e fomos. Uma antiga prisão para todo o tipo de delinquentes, políticos, criminosos, bem no fim do mundo para não serem incomodados ou para serem esquecidos pelos demais... Agora, um museu com várias alas onde se encontram os mais diversos tipos de exposição - mapas do tempo de Fernão de Magalhães quando este provou que a Terra do Fogo era uma ilha - fotografias dos nativos, pinguins empalhados e bicharada ademais, arte duvidosa e a prisão com as celas e histórias dos vários habitantes deste edifício.

Entro numa ala deixada completamente como foi um dia, raios de sol timidamente penetram pela clarabóia inundando o espaço com uma luz misteriosa, filtrada pela poeira que nos remete a outro tempo. As escadas em decomposição impõe-nos respeito e eu estranho o silêncio e a serenidade que se respira por estas bandas. Resolvemos deixar o museu e continuar deambulando pela cidade...

O 3º elemento chega finalmente. Cheia de energia predispõe-se a engolir o almoço e a apressar-se para apanharmos um passeio de barco pelo canal Beagle para aproveitar a tarde. Um sprint final corremos para o barco. - Busquén Massimo! - gritaram-nos lá do fundo. Eu a liderar a dianteira, subo para a pequena embarcação onde o capitão prepara-se para dar largada. - Prainha! Você vai aonde? diz Felipão, no seu sotaque mais carioca. Onde vais? continua Té.
- Ora, que pergunta? Vou falar com o Massimo! - respondo. Desconcertados F. e T. olham para mim: - Massimo é O barco! E sim, realmente ali estava ele o nosso MASSIMO, um catamaran que passava pouco despercebido. Já me dizia a minha mãe que se eu não existisse, tinha de ser inventada.

Démos início à nossa viagem pelo canal Beagle. Contemplámos as montanhas chilenas, as montanhas argentinas, a plenitude e o silêncio do fim do mundo, apesar do friozinho que se fazia sentir. Cabelo ao vento, aqui respira-se mar e ... um cheiro insuportável entra-nos pelas narinas adentro quase nos provocando náuseas. Tínhamos chegado junto da passarada, da qual nunca soube o nome. Ao longe pareciam pinguins, mas estes rumaram para outras paragens - talvez porque sabiam que eu vinha - simplesmente pássaros. Se estes não me causaram grande entusiasmo (culpámos o cheiro) já os leões marinhos revelaram-se animais extremamente brincalhões aproveitando as ondas do barco para fazerem umas acrobacias. Amontoados em cima uns dos outros deram origem a uma sinfonia de exclamações, suspiros e "cliques" por parte duns bichos raros de duas pernas. "Ay que lindo! Que giro! Que bacana! So cute! Mum, I want... !"

Regressámos ao cais e seguimos para o hostal onde conhecemos então os nossos companheiros de quarto: Gregg, Isi e Yoni. Gregg, canadiano, mais velho, viajava há 2 meses pela América do Sul. Já no final da viagem, para ele Ushuaia era o último destino dado que o dinheiro ou a falta dele obrigava-o a regressar a casa e ao trabalho.

Isi e Yoni, dois amigos israelitas que depois dum serviço militar de 3 anos, uma temporada de poupança e trabalho rumaram também ao sul "to enjoy the time of our lives!". Tinham já estado pelo Brasil onde Isi de mãe brasileira e pai israelita esteve praticando o seu português. Yoni não falava português mas francês dado que tinha crescido em Paris e antes da viagem trabalhado em Londres. Trocámos experiências, ideias, histórias sobre o Brasil, Portugal e Israel, país do qual pouco sabia.

Um pouco mais tarde fomos-nos deitar, teríamos de madrugar para o dia seguinte. Isi e Yoni solidariarizaram connosco, também eles tinham tido um início atribulado, é que tinham perdido 2 barcos nos dias anteriores e Isi nem tinha conseguido dormir nessa noite para não o voltarem a perdê-lo... " Jôguei no celulari, me levantei váarias vezes, nesse quárto tava um cálorr, é, não consegui dormirr ! "

18.5.08

RUMO AO SUL



Depois da mini-sanduíche retomo a escrita...

Ainda 20 de Abril... já quase no fim do mundo

Por onde começar: são 7h30 da noite, 11h 30, hora de Greenwich de Domingo, 20 de Abril. A minha viagem começou às 4h 30 da manhã do dia 19 de Abril e desde então ainda não tive uma noite de descanso absoluto.

Londres foi deixada para trás. As 2 horas de sono deram-me apenas a estrita e necessária energia para chegar ao aeroporto. Mala despachada e atraso do vôo, justificação: a tripulação que não tinha tido descanso suficiente. Então eu, o que direi!!! A falta de descanso definitivamente afectou a tripulação pois estavam absolutamente confusas e desconcertadas quando perguntei como seria com os passageiros em trânsito se o vôo atrasasse muito. Sorriram apenas...

Chegada a Madrid com 15 minutos para trocar de avião. Eu levanto-me apressadamente, sou das primeiras a sair, entro no autocarro para perceber que não tenho o telemóvel. Volto a subir as escadas para o avião, atropelo, sou insultada (ainda para mais por um rapaz giro que vinha no avião - Olha vai catar coquinho, penso para mim), vasculho nas cadeiras, no chão e nada. Volto a sair, atropelo, sou insultada de novo - caramba, estou mesmo londrina, o espírito de sobrevivência invade-me e deixo-me de ser mosqueteira e rendo-me ao cada um por si.

Volto a descer as escadas do avião para voltar ao autocarro que está em iminência de partir para a nossa ligação aérea. Volto a procurar e divido-me entre voltar ao avião ou perder o outro. Sobem-me os calores, pensa rápido, pensa Prainha! Quero sair, mas agora os passageiros bloquearam-me a saída. Atropelo de novo, insultada novamente, para explicar ao condutor o meu dilema. Faço o meu ar infantil de menina perdida, olhos de cavalo mal morto, bato as pestanas e ele diz que espera.

Volto a subir as escadas do avião - sensação de dejà-vu e mergulho outra vez nas mantas, nas almofadas e voilà!!! Aí está ele, afinal não estou assim tão louca e valeu a pena. Para mal começo já bastava o atraso do avião. Volto a descer as escadas do avião com um sorriso triunfante, pisco o olho ao condutor e finalmente partimos.

Chegada ao terminal - Madrid, Barajas - uma longa fila de espera, de novo o raio X, os líquidos, os metais e afins, escadas e elevadores que sobem e descem e chamada final para o vôo propriamente dito. Um sprint final... e o avião partiu! Sem mim, pois está claro... Indignada pois é,mal começo não é verdade?

Bem, nova missão: encontrar las jaquetas rojas en el Terminal Dos. Sigue recto y segunda planta y ahí las jaquetas rojas. Ou não fosse eu continuar em Barajas ou arriscaria a sugerir que nos estavam (eu e a mais uns quantos perdedores) a mandar a pé para Buenos Aires tal foi o rol de escadas e elevadores que subimos y bajamos. Mais não sei quantos pedidos de informação aos jaquetas amarillos, aos jaquetas verdes e finalmente chego às jaquetas rojas. Senti-me em missão Where is Wally? Nem um pedido de desculpa (puès aqui estamos en España), um sorriso mal encarado, deparo-me com apenas um voucher de hotel e um bilhete para o vôo da noite... 12 horas depois. No pasa nada, uma viagem que só por si duraria 20 h passará a 32 h. Limito-me a encolher os ombros e sigo para o hotel.

Vejo o rapaz giro do avião no hotel de novo, com um grupo de gente - lá se foi a minha oportunidade de fazer amigos. Resta-me... comer... Almoço, lanche, jantar, tudo a que tenho direito, fome não passo pelo menos. Resolvo ir deitar-me durante umas horas para recuperar algumas da noite anterior... zapping, para quem não tem TV isto é um entretenimento, para apanhar um susto com a Catarina Furtado e logo a seguir mandá-la calar, digo desligar...

1h 30 da manhã e embarquei rumo à América do Sul, primeira vez nesta parte do mundo...


16.5.08

VIAGEM AO FIM DO MUNDO





20 de Abril, algures entre Buenos Aires e o fim do mundo

36 horas depois e encontro-me em paz: comigo mesma, com o mundo, apesar da turbulência que se faz sentir e do avião do tempo dos nossos avós que nos incomoda com o ruído das turbinas. Vi o pôr-do-sol da janela, um espectáculo entre os laranjas e os azuis, entre o mar e a montanha, lembrando-me que o sol aqui também brilha.

Ainda de jet lag, de vez em quando por uns segundos perco o equilíbrio para o voltar a recuperar, a minha cabeça parece que vai explodir, não sei se de cansaço, de novo o barulho, se da quantidade de informação e de pensamentos que me assolam todos ao mesmo tempo. Felipão olha para mim, ainda um estranho por enquanto, embora nos esperem mais 2 semanas de viagens e histórias partilhadas. Falamos por gestos porque o barulho é absolutamente ensurdecedor; desistimos e ele concentra-se no seu livro e a mim oferece-me o ipod - para eu me entreter.

Ele tem razão, os pensamentos tornam-se mais organizados, agarro no saco de enjôo e Felipão olha para mim aterrorizado. Respondo que não se preocupe, está tudo bem: apetece-me escrever. Escrever sobre a Argentina, sobre o fim do mundo ou o começo dele, da viagem, da gente, de mim. Olho de novo para a janela, o sol já se foi há muito mas ainda se distingue o espectro de cor no horizonte: um arco-íris com uma translucência preta se é isso que existe. Será que são estas as cores do fim do mundo?

Perco-me nos pensamentos e quando dou por mim estou a contar os poucos cabelos que ainda restam da quase careca do vizinho da frente. É inevitável dado que o senhor resolveu deitar o banco para trás e o espaço é tão limitado que Felipão está absolutamente entalado e eu pequena que sou bem encaixadinha. Surge a hospedeira com a mini-sanduíche. Segue a foto...

14.5.08

PREPARATIVOS

Para os meus muito assíduos leitores - aliás arriscaria até a afirmar assíduas leitoras dado que o público masculino ou não é de todo intervencional ou ele não existe mesmo - já sabem que as viagens são pretexto e inspiração para muito do conteúdo deste blog. E como devem estar a imaginar seguir-se-ão longos e exaustivos capítulos desta famosa novela que são as VIAGENS DE PRAINHA. Como os meus amigos já sabem, Prainha na mala é história garantida ou aventura na certa. Prezo muito esta minha vertente porque realmente animação nunca me falta.

A GRANDE viagem, grande porque foram 3 semanas e nos tempos que correm algo com mais do que 2 semanas é um autêntico luxo. Foram muitos os olhares de inveja, os suspiros conformados, o TAKE ME WITH YOU! e comentários afins.

O destino - Buenos Aires e Patagónia - para uns de sonho, outros de surpresa e eventualmente para outros tantos completamente desconhecido. O país é grande portanto nem arrisco a dizer que conheci A Argentina. Mas se o país é grande então a temporada de preparação ainda foi maior. Esta viagem foi o literal pano para mangas e eu diria saia e casaco ainda a condizer.

Deu direito a troca desenfreada de emails quase diárias entre velhos amigos, novos amigos e até desconhecidos. Deu direito a comprar um mapa do tamanho dum cobertor para me familiarizar com a geografia da América do Sul. Deu direito a date a pretexto do desejo dum roteiro sugerido por um local; pesquisa em campo que se revelou frutífera apesar da concentração ter sido pouca, mesmo assim algumas recomendações registadas. Deu direito a momentos de angústia, de stress, de frustração, de ansiedade...

No entanto quando menos se espera tantos os preparativos e quando se vai a ver já passou. Restam-me as memórias, as histórias, os milhares de fotografias, os amigos e claro está as aventuras de Prainha.

E assim fez-se história mais uma vez... e por sinal muitos capítulos, desculpem, posts...

ENCERRADO PARA FÉRIAS



Avisam-se os estimados leitores que nos encontramos encerrados para férias.
Pedimos desculpa pelo incómodo causado e prometemos ser breves na actualização do mesmo. Enquanto isso aqui fica A imagem do que foram estas 3 semanas para aguçar o apetite...

13.5.08

PENSAMENTO DO DIA


Se não encontras a tua metade da laranja, não desanimes, procura a metade do limão, põe-lhe açucar, cachaça e gelo e sê feliz!