19.5.08

USHUAIA

























21 de Abril de 2008

Depois de uma noite de profundo descanso apesar dos nossos companheiros de quarto terem-se levantado e saído escandalosamente cedo acordámos em Ushuaia, cidade mais austral do nosso planeta ou para muitos o Fim do mundo se ele existisse, mesmo quase na pontinha da América do Sul.
Abro as cortinas e a vista é absolutamente fantástica - deparo-me com a tranquila vila piscatória à beira mar plantada. Depois do contraste das poucas horas passadas em Buenos Aires entre abraços e beijinhos dos nossos anfitreães Billy e Paulão e de mais uma viagem de 5 horas de avião, começa a valer a pena. Ainda sem planos esperamos o nosso 3º elemento - Té, prima do Felipão. Decidimos então ir explorar a pequena cidade. "Vão ao presídio!" - sugeriu a Billy e fomos. Uma antiga prisão para todo o tipo de delinquentes, políticos, criminosos, bem no fim do mundo para não serem incomodados ou para serem esquecidos pelos demais... Agora, um museu com várias alas onde se encontram os mais diversos tipos de exposição - mapas do tempo de Fernão de Magalhães quando este provou que a Terra do Fogo era uma ilha - fotografias dos nativos, pinguins empalhados e bicharada ademais, arte duvidosa e a prisão com as celas e histórias dos vários habitantes deste edifício.

Entro numa ala deixada completamente como foi um dia, raios de sol timidamente penetram pela clarabóia inundando o espaço com uma luz misteriosa, filtrada pela poeira que nos remete a outro tempo. As escadas em decomposição impõe-nos respeito e eu estranho o silêncio e a serenidade que se respira por estas bandas. Resolvemos deixar o museu e continuar deambulando pela cidade...

O 3º elemento chega finalmente. Cheia de energia predispõe-se a engolir o almoço e a apressar-se para apanharmos um passeio de barco pelo canal Beagle para aproveitar a tarde. Um sprint final corremos para o barco. - Busquén Massimo! - gritaram-nos lá do fundo. Eu a liderar a dianteira, subo para a pequena embarcação onde o capitão prepara-se para dar largada. - Prainha! Você vai aonde? diz Felipão, no seu sotaque mais carioca. Onde vais? continua Té.
- Ora, que pergunta? Vou falar com o Massimo! - respondo. Desconcertados F. e T. olham para mim: - Massimo é O barco! E sim, realmente ali estava ele o nosso MASSIMO, um catamaran que passava pouco despercebido. Já me dizia a minha mãe que se eu não existisse, tinha de ser inventada.

Démos início à nossa viagem pelo canal Beagle. Contemplámos as montanhas chilenas, as montanhas argentinas, a plenitude e o silêncio do fim do mundo, apesar do friozinho que se fazia sentir. Cabelo ao vento, aqui respira-se mar e ... um cheiro insuportável entra-nos pelas narinas adentro quase nos provocando náuseas. Tínhamos chegado junto da passarada, da qual nunca soube o nome. Ao longe pareciam pinguins, mas estes rumaram para outras paragens - talvez porque sabiam que eu vinha - simplesmente pássaros. Se estes não me causaram grande entusiasmo (culpámos o cheiro) já os leões marinhos revelaram-se animais extremamente brincalhões aproveitando as ondas do barco para fazerem umas acrobacias. Amontoados em cima uns dos outros deram origem a uma sinfonia de exclamações, suspiros e "cliques" por parte duns bichos raros de duas pernas. "Ay que lindo! Que giro! Que bacana! So cute! Mum, I want... !"

Regressámos ao cais e seguimos para o hostal onde conhecemos então os nossos companheiros de quarto: Gregg, Isi e Yoni. Gregg, canadiano, mais velho, viajava há 2 meses pela América do Sul. Já no final da viagem, para ele Ushuaia era o último destino dado que o dinheiro ou a falta dele obrigava-o a regressar a casa e ao trabalho.

Isi e Yoni, dois amigos israelitas que depois dum serviço militar de 3 anos, uma temporada de poupança e trabalho rumaram também ao sul "to enjoy the time of our lives!". Tinham já estado pelo Brasil onde Isi de mãe brasileira e pai israelita esteve praticando o seu português. Yoni não falava português mas francês dado que tinha crescido em Paris e antes da viagem trabalhado em Londres. Trocámos experiências, ideias, histórias sobre o Brasil, Portugal e Israel, país do qual pouco sabia.

Um pouco mais tarde fomos-nos deitar, teríamos de madrugar para o dia seguinte. Isi e Yoni solidariarizaram connosco, também eles tinham tido um início atribulado, é que tinham perdido 2 barcos nos dias anteriores e Isi nem tinha conseguido dormir nessa noite para não o voltarem a perdê-lo... " Jôguei no celulari, me levantei váarias vezes, nesse quárto tava um cálorr, é, não consegui dormirr ! "

2 Comments:

Blogger Billy said...

Acho que os bichos mal-cheirosos se chamam cormorones mas não tenho a certeza. Também nunca consegui perceber o nome.

23:35  
Blogger Té... said...

Nem imaginas...acabei de ter um estúpido ataque de riso (daqueles que não se consegue controlar e passasdo 10 min volta subitamente - que embaraço :S)ao ler a história do Máximo!!!...

19:08  

Post a Comment

<< Home