22.6.10

MY TURN NOW

E agora é a minha vez de relatar a minha derradeira peripécia... O chapéu já conhecem, o que ficou para contar foi algo que até me admira como é que nunca aconteceu antes...

(...) I had lunch with my ex-flatmate & took all the luggage to get on time to Heathrow Airport... Everything was going smoothly until I decided to check my flight again... Hugo had mentioned something to me that was starting to disturb me. Switch on my laptop as business girls do, in the tube, & yaiksssssssss.... my flight was from Gatwick... Just had time to turn off the laptop, jump out of the tube, change tube. Get into Victoria Station, run into the gatwick express & off I go... I had made it... First time it happened to me... I almost missed my flight, ending in the wrong airport...
But last but not least... you know already the locker´s key story from Hugo... Just to let you know that I ended up sawing the locker to open my luggage, after 3 hrs of intense search of a spare key... :-)
So I think I had enough embarrassing moments for one trip... not to mention, the lost shoes in front of the church... I found them by the way...

Meus caros, até à próxima...

Prainha

19.6.10

EMBARRASSING MOMENTS PART 3

Remato a minha estadia londrina com as minhas últimas peripécias.
Não sei se já vos tinha falado do Hugo. O Hugo é um rapaz que eu já conheço há 10 anos. Conhecemo-nos a caminho da Bélgica e tornámo-nos companheiros de Erasmus e de muitas histórias que advieram dessa mesma estadia. As histórias são clássicas, como a viagem em caravana pela Europa em 14 dias ou então duma viagem de comboio do Hugo em que ganhou um coelho gigante quase do tamanho dele ou o safari em pleno Krueger.
Mas o Hugo foi também ao casamento, vinha um dia antes de mim, portanto no último dia dele resolvemos todos deixar as malas na estação de comboios para não andarmos de turistas cheios de coisas. Passo a transcrever as aventuras de Hugo contadas na primeira pessoa... (em inglês, mas porque o relato foi internacional). Isto é a prova de que somos mais...

I've just arrived from picking up Prainha from the airport... to answer your question, Tom: YES, there have been some more embarrassing moments, before AND after you and me left... But you already knew the answer to that simple question... Who suffered from it... me, Prainha and ... Valentina![a nossa anfitreã em Londres].

Well, you remember I was supposed to go and have dinner with Prainha and her Brazilian friends - and that's what happened, so far so good, but afterwards I said goodbye to Prainha, cried a lot because I wasn´t going to see her again (;p) and left to pick up my luggage...

Arrived at Kingscross station, walked towards the lockers and... CLOSED (since 10pm)!!! Until 6am!! My plane was leaving at 8:15 of the next morning and you remember that I had booked a room in Easy hotel in Heathrow... so that I could sleep a bit more and nothing unexpected happened... not in my short lasting dreams!!

Well either I went to Heathrow that night, slept for a couple hours, came back to Kingscross at 6am and ran back to the airport OR called Prainha for HELP!! She suggested to ask Valentina for some bed and breakfast services (well without breakfast services) until 4:30am, swap luggages with her, leave at 5am, and she would pick my luggage the next day and bring it back to Lisbon with her. Suggestion extremely accepted!

I ran to the tube again, since it was almost closing too and found my way to Valentina's apartment. No use to say that I didn't sleep much, although in a huge sofa and in contrast to Prainha's deep baby/rock alike sleep in the other couch. Woke up and for the first time in this departure things worked! Arrived at airport on time, didn´t loose or break anything, my ticket was valid and for that plane.

Already inside the plane, I got to know about some dammed French airspace controllers who decided to be on strike! Resulting in a 1 hour delay... well, let's do what we should have been doing for some much time... SLEEP!! Got to see the landing in Lisbon in the cockpit with a wonderful weather and everything worked out fine. I was worn-out though... and (not)ready for a working day... well, what to expect if you come from vacations?

Today, I worked and was suppose to pick Prainha up at the airport.

Prepared to leave at around 7pm and thought for myself while I was in the elevator going from the 8th floor to the ground floor: "Let´s just be careful and take the key from Prainha's luggage of my wallet before I forget to hand it to h....." oopps nooo owoo plinnk plank, VANISHED.

the key fell into the elevator's gap.

Haaaaahh!!

Went to the basement to ask our doorkeeper to open the door and try to find Prainha's tiny little key. I jumped inside, yekeee, found everything but the key... A kind of russian-form tiger hat, screws - that worried me - a hairbrush, lipstick, whatever, but not the key.

Called Prainha, who hopefully was with a friend at the airport - popular girl! - and after half an hour I met her… took her home and heard some other very interesting and embarrassing stories, which honestly made me feel a little better and Prainha embarassed! But those are up to her to tell you! I´ll just tell you it includes a hat and a very expensive kind of transportation...

17.6.10

EMBARRASSING MOMENTS PART 2

Segundo os meus leitores, afinal o que eu tive não foram ´embarrassing moments´, mas apenas flirting moments. Até já fui ´acusada´de querer fazer o padre cair em tentação... Ai, valha-me Nossa Senhora, o que para aqui já vai...
Bem, embarrassing moments porque segundo o Tom e passo a citá-lo: We had some wine and were looking back to all the stupid things we had done on the trip so far, e.g. loosing your shoes at the church´s door... E aí ficou, tudo virou momento de embaraço... E aqui entre nós, se não lhe tivesse chamado assim, ninguém teria comentado esse mesmo facto... Mas continuando as peripécias e afins...

Nº4 - Discursos. Toda a gente sabe que os discursos são famosos em terras Anglo-Saxónicas... Preparam-se com pompa e circunstância, sobem ao palco, agarram no microfone e depois é um concurso em quem consegue contar a história mais ´embaraçosa´ dos noivos... A noiva foi alvo de milhares de piadas pelo excesso de organização da parte dela, ou não fosse ela uma ´project manager´. Desde o agradecimento do noivo aos pais por ´sticking up to her wedding plan´ às damas de honor ´for making her plan work´. No entanto o excesso organização também se pode virar contra o feiticeiro como se provou. Quando estava de saída, a noiva não conseguiu encontrar os sapatos devido ao excesso de zelo para o actual marido não os encontrar. Resultado: sapatos emprestados.
Outro momento inesquecível, foi quando o noivo confessou o lema da actual mulher: - Oh baby, I don´t want to change you, I just want to improve you!

Nº5 - Unhas. Unhas, estão a ler bem. Infelizmente eu sou conhecida pelas minhas poucas capacidades manicurenses. Pintar as unhas normalmente significa transformar cada dedo numa mancha de cor. - But you are an architect! Aqui corei...
Sou arquitecta, mas não quer dizer que saiba pintar dentro dos contornos, ao que parece. Já fui alvo de muitas risadas, confesso, desculpo-me achando que deve ser a minha veia de palhaça mesmo. Mais uma vez, fui inspeccionada no casamento pelo querido Silvio: mãos e pés. Mas mesmo com a minha última descoberta duma caneta de correcção para manicure, nem assim fui aprovada...

Nº 6 - Chapéus. Não me refiro propriamente ao chapéu para o casamento, embora ao fim de alguns dias de busca tenha encontrado um chapéu que mais parecia para ir a um funeral, felizmente desisti a tempo. Acabei por enveredar pela via mais ´aborígena´, um conjunto de penas que dá o nome de ´fascinator´. Eu fascinada com o nome, não resisti... e claro, está, que quem não resistiu foram os meus comparsas a baptizarem-me de ´Bird`.
Mas voltando aos chapéus... comprei um chapéu, de homem, mas que, modéstia à parte, me ficava a matar. O que não me favorece em óculos, compenso em chapéus... É o que vale... Andava feliz com a minha compra, gritava Londres por todo o lado, e eu sentia-me uma verdadeira londrina, cool, trendy, fashion, olha lá para o style...
Estava a descer para o metro com os meus 36 sacos e saquinhos de bagagem quando uma rajada de vento me arranca sem dó nem piedade o chapéu. Cena de desenho animado... Eu a descer pelas escadas abaixo...
Ainda grito por ele, chamo-o, mas ele continua a rolar escadas abaixo para... sim, é isso mesmo, para ir parar aos carris do metropolitano... Ainda fechei os olhos para evitar o espectáculo de trucidação do querido chapéu, mas já só tive tempo de engolir em seco...

16.6.10

EMBARRASSING MOMENTS

Mais uma vez encontro-me no avião, mas desta vez de regresso a Lisboa. Ao fim duma semana, parece que volto finalmente a casa. O finalmente aqui foi propositado… Digamos que o que o Japão falhou em aventuras, Londres compensou em inúmeras peripécias.

Depois de 4 camas em 7 noites, inúmeros autocarros e metros, 300 000 escadas, 3,4,5 malas para cima e para baixo, 101 ´cafés’, fora os 400 almoços e 50 jantares, 596 lojas, 3000 coisas para fazer e ver, isto para não falar dum casamento, mais uma noite de dança aeróbica, um jogo de futebol e os 399 amigos que ficaram por ver, receio que tenha chegado ao fim esta imparável semana. Divertida, por sinal, mas como aprendi esta semana, passa tudo por saber contar a história, mais propriamente os nossos momentos embaraçosos da melhor maneira possível...

Bem para começar, ao fim de 8 meses a razão principal de regressar a Londres foi realmente um casamento. Não o meu, porém, mas dum amigo que conheci há 10 anos em Erasmus. Como tal, resolvemos, amigos Erasmus, torná-lo num reencontro dos 10 anos, um fim-de-semana muito internacional: Sere e Silvio de Milão, H. de Lisboa, Tom da Bélgica.

Mas voltemos aos momentos embaraçosos:

Nº 1 - Noite no Favela. Depois duma troca de olhares com um simpático na pista de dança, chegava o momento da partida... Depois de sair, voltei a entrar, há momentos que não podemos deixar escapar oportunidades... este era um deles... - Então encontramo-nos em Lisboa. - disse-lhe eu.

Impagável a cara do rapaz, ele devia estar à procura das legendas, nem sabia que língua estava eu a falar... Eu continuo a achar que foi o espanto de encontrar uma conterrânea com o estilo de dança mais ´embaraçoso´ do Favela. Seguiram-se os habituais... Olá, olá, adeus, adeus, prazer em conhecer-te...

Saí e continuei com os meus amigos... para mais tarde descobrir que... estava a ser seguida.... - Desculpa, mas sem o teu número como é que nos vemos em Lisboa?


Nº 2 - Existe um sítio no planeta onde os casamentos começam a horas... E para uma cerimónia que se anuncia às 2 da tarde, chegar às 2h 10 é impensável, ainda para mais porque não só se perde a entrada da noiva como todo o aparato inicial...

Vá lá, e não nos termos sentado no lado errado dos convidados foi uma sorte... Lembram-se daquela cena do `Four Weddings & a Funeral´, quando ao velhote surdo lhe perguntam: - Bride or groom? - Neither of them, diria eu...


Nº 3 - Então com esta entrada triunfal na igreja, não desfazendo a nossa costela latina, claro que teria de ter uma saída brilhante também...

Isto percorrer Londres de salto alto teria sido suicídio absoluto, mulher prevenida usa sabrinas, então toca de trocar os sapatos antes de entrar na Igreja. Com esta pressa toda (e vergonha) deixámos as malas e tudo o resto no hall da entrada da Igreja...

Fotos, carro dos noivos, sei lá mais o quê, eis quando se não fecham as portas da igreja. Tiveram o cuidado de pôr as bagagens e afins à porta do edifício... Tudo bem até aqui, não fosse eu ter-me esquecido do saco dos sapatos à porta da igreja...

Já estávamos nós a largas horas do casamento quando de repente me lembrei dos meus sapatos... Pus meio mundo em alvoroço, à procura dos sapatos, até com o telefone do padre fiquei, para mais tarde a mãe da noiva me descansar a dizer que tinham encontrado os meus sapatos. Infelizmente o motorista do carro dos noivos tinha-se ido embora com o carro e claro, as minhas sabrinas dentro dele... Ao fim de muitas mensagens, I was delighted to inform you that I have my lovely shoes back. Thank you very much and apologies for all the trouble. Best wishes.

Volto a fazer aqui outro interregno, é que os momentos embaraçosos continuaram... mas se conto já tudo, depois não tenho com que vos entreter na próxima semana.

With all my love,

Prainha

9.6.10

BACK HOME

Faço aqui um interregno na minha expedição japonesa para passar a escrever em tempo real. Estou de volta… mais precisamente num avião, que me irá levar de volta a Londres. As novas tecnologias e o trabalho fez com que desta vez tenha assumido um papel de gente grande e aí vou eu de laptop e tudo, feita executiva, a ver se ponho a vida em ordem. Mas voltando à história… Volto… ao fim de 8 meses… E sinto-me feliz com isso…

Antes de mais, não sei se já tinha sido clara ou não, mas apesar de dar no meu perfil como localização o Reino Unido, já não me encontro, pelo menos a tempo inteiro em terras de Sua Majestade. Chamem-lhe o que quiserem: uma pequena mentira, omissão da verdade, eu digo que é apenas uma estratégia de marketing… Aliás como futuro se calhar considero a hipótese de usar a localização NOWHERE, porque no fundo são mais as vezes que me sinto em lado nenhum que as que estou enraizada. Mas não estou aqui para falar da minha localização.

Estou aqui para vos dizer que já voltei a Portugal, mais propriamente Lisboa. Facto que provavelmente já desconfiavam mas que agora assumo a plenos pulmões… Voltei… para ficar… Já lá vão uns mesitos, uns menos bons, outros melhores que outros, mas no entanto a viagem à Ásia teve um papel predominante nesta minha afirmação e consciencialização deste processo a que chamarei adaptação.

Devem estar agora curiosos para saber o que se passou para eu dar esta viagem como o momento de viragem. Confesso que esta última não foi uma viagem de aventuras, bem tirando o perdida na ilha, mas que não teve consequências mais graves que as que já foram referidas. No entanto foi a viagem que me fez voltar a mim e perceber coisas que não estavam claras. Há quem diga que a distância faz milagres e que quando não temos algo é quando lhe damos valor. Não sei se foi isso que se passou, mas sem dúvida que o distanciamento e o regresso a uma casa e a um tempo passado, levou-me a valorizar o meu presente e tudo a que fui ´submetida´ nestes últimos meses de experiências.

Por exemplo perceber que no fundo é em Portugal que quero estar e que depois de alguns meses de devaneio mental em que tudo era possível e a vida era um mundo de possibilidades, era importante para mim perceber que para termos acesso a esse mundo se calhar precisamos de ter uma base. Base física, sim, é sempre preciso, mas emocional também.

Ironicamente que uma das minhas passas deste ano foi um pedido de estabilidade emocional, talvez o pedido mais sério que fiz este ano. Estabilidade emocional, é verdade, é isso mesmo que estão a ler, porque a inquietude cansa. E se por um lado é óptimo acordar com todas as portas em aberto, outros dias nem nos queremos levantar, por não saber o que está ao virar da esquina.

Os primeiros meses foram difíceis, confesso. A falta de rotina, por estranho que pareça, torna-se um gigante, mais precisamente um Adamastor em pleno Cabo das Tormentas e por mais listas e tabelas Excel que a minha amiga S. continuasse a insistir para organizar o meu plano de vida, percebi que é só em mim que confio… Passamos a confiar apenas em nós e na nossa intuição.

Sim, se ainda não tinham percebido, também estou a começar por conta própria numa área muito específica, num contexto muito característico que todos nós de uma forma ou outra conhecemos. Já ouvi de tudo, palavras de conforto, levantares de sobrolho, olhares de espanto, outros de desdém, como quem diz: És louca! Louca ou não, acho que temos sempre de tentar… Além disso o desafio também é motivação, e se foram os desafios que me levaram a ir lá para fora, hoje é esse mesmo desafio que me leva a querer ficar cá dentro.

Engraçado que se calhar pensando bem, até agora fui uma inadaptada. Esta palavra um pouco ingrata, que nos quer fazer sentir diminuídos. No entanto, inadaptada sempre quis eu ser, lá no meu fundo, porque acho que é o que nos faz avançar e procurar novas opções. Ora não sei se concordam comigo, mas se estivéssemos sempre perfeitamente adaptados a tudo e a todos, tornávamo-nos uns acomodados e isto como sabem é a morte do artista. Lá diz o outro, que o homem é um ser insatisfeito. E no fundo tem de ser mesmo…

Insatisfeita ou não, inquieta ou não, a verdade é que hoje sinto-me satisfeita, vou voltar a casa, à minha outra casa, Londres. Sim, NOWHERE ou talvez EVERYWHERE seria o termo mais correcto nesta minha busca constante de um local a que posso chamar casa. Hoje orgulho-me de poder chamar casa a Lisboa também, porque no fundo apesar da excitação infantil que me domina, sei que parte de mim ficou para trás… E a essa sensação, meus amigos, desconfio que dá pelo nome de CASA…