9.6.10

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Faço aqui um interregno na minha expedição japonesa para passar a escrever em tempo real. Estou de volta… mais precisamente num avião, que me irá levar de volta a Londres. As novas tecnologias e o trabalho fez com que desta vez tenha assumido um papel de gente grande e aí vou eu de laptop e tudo, feita executiva, a ver se ponho a vida em ordem. Mas voltando à história… Volto… ao fim de 8 meses… E sinto-me feliz com isso…

Antes de mais, não sei se já tinha sido clara ou não, mas apesar de dar no meu perfil como localização o Reino Unido, já não me encontro, pelo menos a tempo inteiro em terras de Sua Majestade. Chamem-lhe o que quiserem: uma pequena mentira, omissão da verdade, eu digo que é apenas uma estratégia de marketing… Aliás como futuro se calhar considero a hipótese de usar a localização NOWHERE, porque no fundo são mais as vezes que me sinto em lado nenhum que as que estou enraizada. Mas não estou aqui para falar da minha localização.

Estou aqui para vos dizer que já voltei a Portugal, mais propriamente Lisboa. Facto que provavelmente já desconfiavam mas que agora assumo a plenos pulmões… Voltei… para ficar… Já lá vão uns mesitos, uns menos bons, outros melhores que outros, mas no entanto a viagem à Ásia teve um papel predominante nesta minha afirmação e consciencialização deste processo a que chamarei adaptação.

Devem estar agora curiosos para saber o que se passou para eu dar esta viagem como o momento de viragem. Confesso que esta última não foi uma viagem de aventuras, bem tirando o perdida na ilha, mas que não teve consequências mais graves que as que já foram referidas. No entanto foi a viagem que me fez voltar a mim e perceber coisas que não estavam claras. Há quem diga que a distância faz milagres e que quando não temos algo é quando lhe damos valor. Não sei se foi isso que se passou, mas sem dúvida que o distanciamento e o regresso a uma casa e a um tempo passado, levou-me a valorizar o meu presente e tudo a que fui ´submetida´ nestes últimos meses de experiências.

Por exemplo perceber que no fundo é em Portugal que quero estar e que depois de alguns meses de devaneio mental em que tudo era possível e a vida era um mundo de possibilidades, era importante para mim perceber que para termos acesso a esse mundo se calhar precisamos de ter uma base. Base física, sim, é sempre preciso, mas emocional também.

Ironicamente que uma das minhas passas deste ano foi um pedido de estabilidade emocional, talvez o pedido mais sério que fiz este ano. Estabilidade emocional, é verdade, é isso mesmo que estão a ler, porque a inquietude cansa. E se por um lado é óptimo acordar com todas as portas em aberto, outros dias nem nos queremos levantar, por não saber o que está ao virar da esquina.

Os primeiros meses foram difíceis, confesso. A falta de rotina, por estranho que pareça, torna-se um gigante, mais precisamente um Adamastor em pleno Cabo das Tormentas e por mais listas e tabelas Excel que a minha amiga S. continuasse a insistir para organizar o meu plano de vida, percebi que é só em mim que confio… Passamos a confiar apenas em nós e na nossa intuição.

Sim, se ainda não tinham percebido, também estou a começar por conta própria numa área muito específica, num contexto muito característico que todos nós de uma forma ou outra conhecemos. Já ouvi de tudo, palavras de conforto, levantares de sobrolho, olhares de espanto, outros de desdém, como quem diz: És louca! Louca ou não, acho que temos sempre de tentar… Além disso o desafio também é motivação, e se foram os desafios que me levaram a ir lá para fora, hoje é esse mesmo desafio que me leva a querer ficar cá dentro.

Engraçado que se calhar pensando bem, até agora fui uma inadaptada. Esta palavra um pouco ingrata, que nos quer fazer sentir diminuídos. No entanto, inadaptada sempre quis eu ser, lá no meu fundo, porque acho que é o que nos faz avançar e procurar novas opções. Ora não sei se concordam comigo, mas se estivéssemos sempre perfeitamente adaptados a tudo e a todos, tornávamo-nos uns acomodados e isto como sabem é a morte do artista. Lá diz o outro, que o homem é um ser insatisfeito. E no fundo tem de ser mesmo…

Insatisfeita ou não, inquieta ou não, a verdade é que hoje sinto-me satisfeita, vou voltar a casa, à minha outra casa, Londres. Sim, NOWHERE ou talvez EVERYWHERE seria o termo mais correcto nesta minha busca constante de um local a que posso chamar casa. Hoje orgulho-me de poder chamar casa a Lisboa também, porque no fundo apesar da excitação infantil que me domina, sei que parte de mim ficou para trás… E a essa sensação, meus amigos, desconfio que dá pelo nome de CASA…

1 Comments:

Blogger Billy said...

Prainha, o futuro é dos empreendedores. E tu, ainda por cima, és o máximo naquilo que fazes, e em tudo o que fazes. Por isso: força aí!!!!

Do outro lado do charco estamos (eu comigo) a mandar-te beijinhos.

19:07  

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