THE JUNGLE BOOK
Entrei na carrinha. À minha frente, David, que também viajava sozinho fazia-me as habituais perguntas. Pam ouvindo a nossa conversa não resistiu. Os olhos brilhavam ao ouvir o sotaque australiano de David. Também ela Ozzie, tinha deixado Perth há 30 anos atrás por amor. Casada com Dev, que também viajava connosco, viviam em KK desde então.
Da carrinha passámos para um 4 x 4 para entrar na selva e mais tarde já no rio apanhámos finalmente o barco que nos levaria ao acampamento em pleno Kinabatangan. Aqui separámo-nos em 2 grupos, ou seja, 2 barcos.
Eu, ironicamente, pertencia ao grupo da Commonwealth como lhe chamariam mais tarde. Ainda refutei pela minha nacionalidade mas fui unanimamente aceite pela minha condição de Londrina. Do grupo faziam parte Dev e Pam, Lisa e os filhos, Lexie e William, Maggie e o filho, Saj (amigos de Pam e Dev) e eu. Mais tarde conseguimos 'raptar' o Dave.
Verdade seja dita, com a Commonwealth senti-me mais em casa do que com o resto dos 'Europeus'. Dos 'outros' tenho vagas memórias, um casal de alemães, seres mais entediantes e um grupo de italianos, que à parte de se ouvirem por todo o lado e afugentarem a bicharada, não me suscitaram o menor apreço.
Mas voltando à Selva, imaginem o Pantanal Brasileiro, a Amazónia. Agora tirem-lhe as onças e as piranhas, adicionem-lhe uma macacada e uns elefantes pigmeus e temos Kinabatangan. Os elefantes é quase mito 'selvagem', mas a macacada é um catálogo de colecção. Colecção de Outono: Gibons; Inverno: Orangotangos; Primavera - Proboscis; e Verão - Macaques com cauda e sem cauda.
Ver toda esta fauna no habitat natural, assistir aos saltos acrobáticos dos macacos, os olhares desconfiados para com os invasores e o sorriso deliciado dum orangotango a devorar uma fruta, é qualquer coisa que não tem comparação. Ouvir os gritos da selva, as cigarras e os lagartos, evitarmos razias de libelinhas, vermos pousar as borboletas, escondermo-nos dentro das árvores, vermos crocodilos bebés e macacos a pescar, corujas e pássaros tropicais, redes em árvores gigantes; são tudo memórias que guardo destes 3 dias. Viagens de barco nocturnas em que com holofotes os nossos guias conseguiam distinguir os olhos de anfíbeos no outro lado da margem do rio, outras expedições de barco pelas 5h30 da manhã para ver a alvorada da bicharada.
Se na primeira noite tudo me parecia estranho, 12 hrs depois sentia-me completamente em casa: uma verdadeira 'Jane da Selva'. Incrível como o nosso corpo e mente se adaptam a qualquer condição que à partida nos possa parecer mais adversa. Se a falta de água corrente no princípio fez-me levantar o sobrolho e a casa-de-banho, ainda hoje sorrio ao pensar nos banhos de balde da água do rio e da sensação de frescura e satisfação.
'This is not exactly the Hilton' já anunciava o Uncle Tan no seu website: e sim um colchão no chão, um mosquiteiro e um telhado sobre a cabeça não é propriamente o meu conceito de Hilton também, mas no Hilton não nos deitamos com os pirilampos e acordamos com a natureza, somos surpreendidos por macacos e ouvimos as rãs a saltar no charco.
A Selva ensinou-me muitas coisas, que não só consegui ultrapassar o nível 3 da minha aventura com uma perna às costas, que convivo bem com os bichos e que me dou muito bem na situação de 'back to basics', porque para dizer a verdade, por esta altura nem dei conta da falta da manta nem do saco cama.
p.s. Dedico este post à Rita que deixou Londres e a quem prometi que acabava a minha pequena aventura. A ela como aos demais leitores, que desconfio que a esta altura já estejam reduzidos a 2 alminhas, as minhas desculpas por tão prolongada ausência...
Para compensar imagens para encher o olho e não só...
Da carrinha passámos para um 4 x 4 para entrar na selva e mais tarde já no rio apanhámos finalmente o barco que nos levaria ao acampamento em pleno Kinabatangan. Aqui separámo-nos em 2 grupos, ou seja, 2 barcos.
Eu, ironicamente, pertencia ao grupo da Commonwealth como lhe chamariam mais tarde. Ainda refutei pela minha nacionalidade mas fui unanimamente aceite pela minha condição de Londrina. Do grupo faziam parte Dev e Pam, Lisa e os filhos, Lexie e William, Maggie e o filho, Saj (amigos de Pam e Dev) e eu. Mais tarde conseguimos 'raptar' o Dave.
Verdade seja dita, com a Commonwealth senti-me mais em casa do que com o resto dos 'Europeus'. Dos 'outros' tenho vagas memórias, um casal de alemães, seres mais entediantes e um grupo de italianos, que à parte de se ouvirem por todo o lado e afugentarem a bicharada, não me suscitaram o menor apreço.
Mas voltando à Selva, imaginem o Pantanal Brasileiro, a Amazónia. Agora tirem-lhe as onças e as piranhas, adicionem-lhe uma macacada e uns elefantes pigmeus e temos Kinabatangan. Os elefantes é quase mito 'selvagem', mas a macacada é um catálogo de colecção. Colecção de Outono: Gibons; Inverno: Orangotangos; Primavera - Proboscis; e Verão - Macaques com cauda e sem cauda.
Ver toda esta fauna no habitat natural, assistir aos saltos acrobáticos dos macacos, os olhares desconfiados para com os invasores e o sorriso deliciado dum orangotango a devorar uma fruta, é qualquer coisa que não tem comparação. Ouvir os gritos da selva, as cigarras e os lagartos, evitarmos razias de libelinhas, vermos pousar as borboletas, escondermo-nos dentro das árvores, vermos crocodilos bebés e macacos a pescar, corujas e pássaros tropicais, redes em árvores gigantes; são tudo memórias que guardo destes 3 dias. Viagens de barco nocturnas em que com holofotes os nossos guias conseguiam distinguir os olhos de anfíbeos no outro lado da margem do rio, outras expedições de barco pelas 5h30 da manhã para ver a alvorada da bicharada.
Se na primeira noite tudo me parecia estranho, 12 hrs depois sentia-me completamente em casa: uma verdadeira 'Jane da Selva'. Incrível como o nosso corpo e mente se adaptam a qualquer condição que à partida nos possa parecer mais adversa. Se a falta de água corrente no princípio fez-me levantar o sobrolho e a casa-de-banho, ainda hoje sorrio ao pensar nos banhos de balde da água do rio e da sensação de frescura e satisfação.
'This is not exactly the Hilton' já anunciava o Uncle Tan no seu website: e sim um colchão no chão, um mosquiteiro e um telhado sobre a cabeça não é propriamente o meu conceito de Hilton também, mas no Hilton não nos deitamos com os pirilampos e acordamos com a natureza, somos surpreendidos por macacos e ouvimos as rãs a saltar no charco.
A Selva ensinou-me muitas coisas, que não só consegui ultrapassar o nível 3 da minha aventura com uma perna às costas, que convivo bem com os bichos e que me dou muito bem na situação de 'back to basics', porque para dizer a verdade, por esta altura nem dei conta da falta da manta nem do saco cama.
p.s. Dedico este post à Rita que deixou Londres e a quem prometi que acabava a minha pequena aventura. A ela como aos demais leitores, que desconfio que a esta altura já estejam reduzidos a 2 alminhas, as minhas desculpas por tão prolongada ausência...
Para compensar imagens para encher o olho e não só...
2 Comments:
Que imagens incriveis Paula. Tudo é impressionante. Quero mais!
Estou com a Cardos: mais! E diria que só aqui já tens as duas alminhas, mais todos aqueles que lêem e não comentam devem fazer muitas mais.
Os teus relatos são tão giros!
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