14.7.09

SEPILOK

A pedido de muitas famílias e fãs desesperados por terem sido deixados nesta ansiedade de cenas de próximos capítulos, continuo o relato de tão falada viagem. A verdade é que a blogueira precisa de férias e descanso, mas pronto, faço-vos o favor que é para que não digam que eu nunca vos dei nada...

Ora bem, estávamos na descida do Kinabalu. Chegadas cá abaixo, e depois de mais uma refeição, acho que nunca comi tanto com tão pouco intervalo entre refeições, chegava a hora de nos separarmos. Tina voltava para KK, Jackie ficava no Kinabalu, eu seguia para Sepilok e Charlotte ainda estava na dúvida se ia para Sandhakan, se ficava.

Despedi-me e fui para a paragem do autocarro. Charlotte tinha-se decidido finalmente. Entre a perspectiva de chegar de noite a uma cidade em que não tinha reservas nem referências ou ir com alguém que pelo menos saberia onde ficar, decidiu-se pela última. Esse alguém era eu, surpreendemente, e ela propôs-se a acompanhar-me.

Esperámos e esperámos, até aparecer o autocarro... Levantámo-nos, esbracejámos e... continuou... sem parar. Respirámos fundo e voltámos a esperar... até aparecer o segundo autocarro... Levantámo-nos, esbracejámos e... mais uma vez continuou... sem parar. Começámos a ficar impacientes e desta vez já nem nos sentámos... apareceu o terceiro autocarro... Levantámo-nos, esbracejámos, saltámos, implorámos e... continuou... até parar uns metros mais tarde... Corremos prontamente para a porta. Um rapaz dos seus 18 anos saiu e explicou-nos que não podia levar-nos, estavam lotados. Como estavam lotados? Propôs-nos ir em pé... Aceitámos. Como diriam os ingleses, 'desesperate moments require desperate measures'...

A perspectiva de ir 5 horas em pé não era propriamente aliciante mas entre ficar ali e esperar mais 6 horas pelo próximo autocarro, venha o diabo e escolha. E o diabo escolheu... Fomos, o condutor sorriu e prontificou-se a dar-nos umas almofadinhas para nos sentarmos junto a ele, onde também já ia outra viajante nas mesmas condições. Ela por sua vez ainda viajava com um coelho. Portanto, recapitulando, na frente encavalitados junto ao condutor era eu, a Charlotte, a Malaia, o coelho e o rapaz de 18 anos. Charlote sentou-se nos degraus junto à porta e eu entre a malaia e a porta, de frente para a estrada. As duas, estrangeiras, destoávamos naquela camioneta e o condutor sorria mostrando os poucos dentes para os camaradas, perante a perspectiva de duas cabeleiras louras no lugar da frente.

Dessas 5 horas lembro-me do percurso de montanha, curvas sinuosas, ultrapassagens perigosas mas eu nem pestanejei. O rapaz de 18 anos passou a condutor e julgo que estaria a praticar as ultrapassagens, não vi a vida por um fio, porque sou gata e tenho 9 vidas... 5 vidas por esta altura... Da paisagem, uma vegetação exuberante, campos de palma, lembro-me também do verde que não tinha fim e da estrada estreita que teimava em desbravar tal floresta. Lembro-me de sentir absolutamente tranquila, não sei se anestesiada do esforço físico desse dia, se da adrenalina, se apenas da sensação de vencedora da qual enchi os pulmões aquando no topo do mundo.

Entre algumas paragens e o tão esperado esvaziamento da camioneta deram-nos lugar de gente por uma meia hora. Chegámos finalmente à milha 8, paragem que me garantia a chegada ao destino. Sepilok, se chamava, mais conhecido pela existência dum Santuário de Orangotangos da WWF, onde não fui. Para mim, para além dos orangotangos, era ponto de partida para a minha aventura seguinte, desculpem, nível 3 - a SELVA.

Fiquei pouco mais de 12 horas por aqui, de entre as quais tirei 8h para dormir. Eu e Charlotte relaxámos e levámos as coisas com calma. Ela decidiu-se ficar por Sepilok e ir ver os bichos. Eu tinha de partir para outra e finalmente despedimo-nos. A partir daqui estava outra vez sozinha: eu e mais eu... No entanto senti que desta vez era diferente.

Enquanto fazia check-in e preparava as coisas para levar para o acampamento eis que chegam Yilmaz e Heidi. Senti-me em casa, engraçado que para quem me via, achava que eu era a pessoa mais sociável de Sabbah, ainda agora tinha chegado e já tinha encontrado amigos. Almoçámos juntos e trocámos impressões. Eles acabavam de chegar da Selva, tínhamo-nos cruzado por um acaso...


Chegava finalmente a minha hora, despedi-me. Yilmaz olhou para mim e abraçou-me espontaneamente. Desejava-me sorte e pedia-me notícias. Esta manifestação anormal dum alemão revelou-se desastrosa, uma vez que meia abananada, só dei conta mais tarde quando cheguei ao acampamento da selva, que me tinha esquecido da manta e do saco cama...

1 Comments:

Blogger cardos said...

NÃOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!

18:33  

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