LOST IN TRANSIT
Olhei para o écrã das partidas e tínhamos 30 min de atraso. O vôo partia às 3h da tarde. Os 30 mins passaram... Voltei a olhar para o monitor, mais 30 min de espera...
Outros 30 min que passaram e fui tentar saber o que se passava. Problemas operacionais, alegaram, mas daqui a 30 min entram de certeza, garantiram-me...
Passados 180 min entrámos no avião para o comandante 20 mins mais tarde dizer que estávamos à espera de autorização para levantar... talvez mais uns 20 mins... Minuto a minuto os passageiros iam ficando cada vez mais inquietos, curiosos, intrigados, e os hospedeiros e hospedeiras eram bombardeados com questões, as quais evitavam ou nem sabiam como responder... 40 mins depois de novo a voz do comandante para nos anunciar que tínhamos 2 autocarros a vir-nos buscar... Não sabia quantos minutos iria durar a espera... Os minutos já não eram minutos, mas horas... Nisto já eram 6.30 da tarde.
Chegadas ao terminal, o tumulto adivinhava-se, o pessoal de terra sem respostas, passageiros que se recusavam a entrar na sala de espera, polícia à porta, enfim... Eu e a T. para fugirmos a isto recebemos as etiquetas de trânsito e seguimos as indicações que nos tinham dado, para voltarmos ao piso das partidas... Cedo percebemos que tal como nós ninguém fazia ideia exacta do que se passava, para onde enviar os passageiros, o que fazer... Encontrávamo-nos no piso de embarque e mandavam-nos de novo para a fronteira... Claro que o voltar de novo não seria tão simples assim, e acabámos escoltadas até onde se encontravam o resto dos passageiros.
A tripulação foi-se embora para nos darmos conta de que o vôo tinha sido adiado para o dia seguinte. Não havia explicação, justificação, informação, era assim... minutos, horas, dia... estava escuro lá fora e como nós estavam outros tantos passageiros embrulhados em incertezas...
Nem vale a pena descrever as horas que se seguiram, apareceu um canal televisivo e fotógrafos para documentar o evento, a companhia desfazia-se em falta de profissionalismo em lidar com situações de crise, a hospedeira estava em vias de se desfazer em pranto, sei lá, só sei, que me ligaram à meia-noite já eu estava deitada a dizer que tinha um quarto a dividir com outra passageira...
Voámos no dia seguinte às 8 da manhã, quando chegámos a Tóquio nem queríamos acreditar... Ainda tínhamos 2 hrs de comboio até à cidade, mas sem dúvida já tinha estreado a minha primeira aventura Prainhesca...
Hoje acrescento-vos que 1 dia depois viémos a saber por email que a companhia onde tínhamos voado tinha falido nessas 24hrs. Tínhamos feito história na VIVA MACAU, que por sinal, já não era assim tão viva, como o último vôo Macau-Tóquio. Pediram-me para prestar um depoimento para umo jornal e não estivesse em Tóquio provavelmente tinha sido entrevistada na TV e tudo...
Felizmente tudo se resolveu lá para os meados da semana quando o Governo de Macau se empenhou em nos trazer de volta até Macau. Ganhámos 2 dias, perdemos 1 noite... No fim o saldo foi positivo.
Nada que me espantasse, as minhas viagens sempre implicam alguns distúrbios no regresso... Para quem é leitor assíduo, lembrar-se-á de certeza da viagem apocalíptica da Argentina ou então do episódio ´Presa na Ilha' no Vietname... Foi uma parte 2 mas desta vez com maior tranquilidade, talvez característico da sintonia zen que se respira naquele país do sol nascente...
1 Comments:
Prainha, nem podia ser de outra forma... Viagens tuas que não tenha percalços não são verdadeiramente viagens! :)
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