RETURNING TO THE CRIME SCENE
Contrariamente ao que tem sido o meu blog, o registo de histórias, vou experimentar outro estilo, hoje apetece-me registar aqui histórias muito presentes.
Estou em Macau, lugar onde não vinha há mais de 10 anos e nem sei descrever qual é a sensação... Um misto de jet lag, de uma palpitação nervosa, uma excitação incontrolável... É como voltar a casa e descobrir que há coisas que estão na mesma, que os chinelos estão no mesmo lugar...
Ou então, olhar para a janela onde os néons e os LEDs teimam em invadir-nos o espaço e a cor da alma e nós completamente impotentes para os impedirmos. Também já não nos pertencem, nem eu lhes pertenço também...
Depois duma noite curta, onde a partir das 6 da manhã, os olhos não se fecharam mais, fiz o primeiro reconhecimento à cidade... Apesar de saber que a cidade está muito mudada, senti que havia ainda muita coisa que eu já tinha dado como perdida mas que continua igual...
Tento descrever essa sensação de conforto, esse vazio reconfortante que me invadiu... Fiz rir a empregada do restaurante com o meu ar de espanto quando descobri que as moedas não mudaram, dei por mim a sorrir perante a ameaça de escarro dum velho que se aproximava, o som do mah jong na Rua dos Tintins, os velhotes a fazer tai-chi no Jardim Camões e o passeio dos passarinhos no Lou Lim Ieok. Suspirei de alívio ao ver a Escola Primária ainda em cor-de-rosa e as casas onde vivi tal e qual como as deixei, o Mc Donald's, ponto de encontro de adolescência, os pivetes no Templo de Ah-Ma, as Portas do Entendimento, apesar de perdidas na amálgama de vias e pontes que a atravessam. O cheiro dos gauffres e das bolinhas de massa, a Livraria Portuguesa, subir a rua da Palma em direcção às Ruínas de São Paulo. Senti-me a levitar o dia todo, completamente inebriada em memórias... imagens passavam-me pela cabeça, pessoas de quem já não me lembrava invadiram-me esses momentos, outros bem presentes...
No fundo percebi que realmente o é importante são as coisas que ficam e não as que mudam, porque dessas posso eu viver, as outras não me dizem nada...
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