21.3.10

MACAU

Macau continua Macau... Deambulo pelas ruas e no fundo sinto-me em casa. Já parti há 13 anos e meio, já não voltava há 10 anos.
É muito tempo mas a sensação é a mesma no que diz respeito ao sentimento de pertença a um lugar... The sense of belonging, engraçado, que defendi isto perante uma audiência de 200 pessoas a propósito dum projecto e nem encontrava tradução em português ou palavras para descrever tamanha sensação. E no fundo aqui estou eu... belonging... Sim, pertencente talvez, mas não rendida.
Sinto-me em casa, encontrei os 'chinelos' no mesmo sítio mas entretanto já me mudaram algumas 'prateleiras' e alguma mobília...
Parece que estou a entrar numa casa velha e fechando os olhos consigo imaginar e ver as pessoas que fizeram parte desse universo... Procuro agarrá-las mas tudo se desvanece num segundo...
E sorrio, porque percebo que já passou, que esse momento passou e por isso é que é 'adocicado'...
É óptimo rever, revisitar, voltar à cena do crime, nem que mais não seja para apaziguarmos a nossa alma das opções que tomamos.
Estes últimos 6 meses da minha vida têm sido dos mais intensos da minha vida, já para não falar dos mais entusiasmantes e melhores da minha vida por todas as coisas. Pelas boas e pelas más... Sou confrontada semana a semana como novos desafios e nem sei onde vou buscar a energia para continuar... Desculpem.me desviei-me agora, falava de Macau e dos sentimentos que me têm acompanhado estes dias...
A pergunta é inevitável: Voltavas a viver em Macau? Tenho ouvido isto vezes sem conta e a resposta em mim é sempre a mesma... Neste momento não...
Há uns meses atrás faziam-me o mesmo relativamente a Londres: If you had the opportunity, would you stay? E eu até tinha a oportunidade mas algo em mim já tinha deixado Londres há muito tempo. Voltei a responder que não.
É verdade que nos fica pode ficar a dúvida ou a hipótese do 'se', mas desta vez é diferente... É como um velho amor para o qual temos a oportunidade de voltar e reconciliarmo-nos mas entretanto já não faz sentido porque cada um de nós cresceu para o seu lado. É um forçar duma relação que há muito já terminou e da qual resta carinho e memórias e no fundo sabemos que é assim que deve continuar...
Tenho visto muitas caras conhecidas, do meu tempo, pessoas que regressaram, por diversas e variadas razões. Admiro-os mas no fundo sei que não é para mim... Ao fim duns tempos o entusiasmo e o convívio dariam azo a uma claustrofobia emocional e eu não teria para onde fugir... porque fisicamente também não há expansão possível...
Basicamente sei que se neste momento voltasse seria pelas razões erradas, em busca dum tempo perdido em que não havia responsabilidades... Talvez voltaria para fazer parte dum convívio com pessoas com as quais cresci, quase um intercâmbio, em que procurando referências passamos a ser todos parte duma BIG HAPPY FAMILY. Intercâmbio já não seria, pelo contrário, mas o conforto duma casa em que nos movimentamos intuitivamente e que os momentos são fluidos...
Nem sei porque vos digo isto, talvez para eu própria me convencer que nem sempre o lugar em que nos sentimos em casa é o sítio a que pertencemos... e no fundo não faz mal...

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Adorei :)

Beijocas enormes,
Sónia

07:35  
Blogger mm said...

Adorei e como te percebo!

08:48  
Blogger Billy said...

Estou com a Sónia e com a Mar! Porque será que as pessoas perguntam sempre isso?

12:24  

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