11.4.08

MULHER À BEIRA DUM ATAQUE DE NERVOS

Tenho notado que ultimamente ando impaciente. RESTLESS seria o termo, ON THE EDGE, na corda bamba. Sorrio, controlo-me, mas dentro de mim sinto-me absolutamente a fervilhar.
Pergunto-me porquê? Tenho milhares de justificações plausíveis:

11 de Abril e nada de Primavera... A chuva vai e vem, a temperatura sobe e desce entre os 0º e os 12º. Há uma semana atrás nevou, nunca tinha visto tanta neve em 2 dias seguidos... Perante isto, já não sei o que vestir - os leitores masculinos que me desculpem (se é que os há) mas este post é sobre uma mulher à beira dum ataque de nervos, portanto coisas como vestidos, baton e sapatos altos atingem dimensões talvez um pouco desproporcionais - 8 e meia da manhã e eu de frente para o armário e sem ter o que vestir. Mil e uma combinações possíveis na minha cabeça mas descubro que o que me apetece experimentar aliás encontra-se no fundo do armário, mais meia hora a passar a ferro - quem disse que por ser mulher tenho jeito para estas coisas - para depois descobrir que os sapatos não são apropriados para o tempo porque começou a chover. Já vestida, descubro que a camisa tem uma nódoa, ainda daria para esconder se não fosse do tamanho do Amazonas... Pego nas calças de ganga de sempre, a camisola de sempre e as botas que não combinam muito bem mas já não há tempo para coordenação de cor. Mais um dia atrasada... culpo o tempo, a falta de vontade de me levantar da cama...

11 de Abril e nada de Primavera... O Inverno arrasta-se e com ele o cansaço e a letargia a que nos habituamos para um dia acordarmos e dizermos basta. Chegamos ao extremo que perdidos por 100 perdidos por 1000 e qualquer coisa que nos aparece pela frente é digno duma batalha campal. Cansada de ser Miss Nice Girl, porque no fundo no fundo para quem não sabe não é um gato que vive dentro de mim mas um leão e quando o leão acorda, acreditem que tudo se assemelha a zebra (imaginem cena de Madagáscar), em que não páro.
Foi assim este mês, perdi as estribeiras quando cancelaram um vôo à minha mãe e nada de explicações e compensações. Nada de resposta, acho que vou perder as estribeiras outra vez...
Foi assim quando li sobre um concurso numa revista em que o prémio era uma viagem à volta do mundo. Para concorrer precisava de escrever 15 linhas sobre a experiência em si, pus os meus dotes poéticos à prova e quando quis enviar não consegui aceder ao website. Claro que eu ia ganhar, porque aqui entre nós o texto estava mesmo bom, 2 horas e uma página constante de PAGE NOT FOUND!!!! Começo a fervilhar e quando dou por mim e estou a enviar um email para as sugestões a reclamar. (Antes que façam a pergunta, responderam-me mas não me deram voucher nenhum de compensação).
Foi assim quando me enviaram um email a dizer que me tinham alterado o horário da GRANDE viagem e que desculpavam qualquer incómodo. Li e explodi. Então eles têm a coragem de me alterar a viagem 1 dia e agora dizem que não se responsabilizam por isso. Parecia uma chaleira a asobiar e claro está escrevi um email a dizer que sim que me incomodava porque havia gente que trabalhava. Mais uma vez antes que me façam a pergunta responderam-me que o atraso era de 10 minutos, como quem diz sua loura burra, a viagem leva 20 horas portanto chegas 1 dia depois e lê antes de reclamares, e se 10 minutos são absoluto incómodo és uma psicopata. WHAT IS WRONG WITH ME?

11 de Abril e nada de Primavera... Será o tempo? A Natureza? Pássaros a cantar, casais que se olham nos olhos e eu sem ninguém para olhar para mim? O trabalho ou o excesso dele? Ainda não percebi qual é a lógica, matamo-nos literalmente a trabalhar - ando a cair para a toalha - para ir de férias. Não faz sentido, não faz... As tão desejadas férias que nunca mais chegam, e que todos os dias alguém me lembra que elas estão quase aí, e eu sorrio que sim, que não vejo a hora, para no minuto seguinte perceber que para chegar até aí o que vou ter de passar... A colega do lado que grita ao telefone e a música que passa na rádio? Começa tudo a soar ao mesmo e eu só quero é silêncio. O meu quarto? O maior caos que alguém possa imaginar. Chego a casa todos os dias tarde e a última coisa que me apetece é arrumar. A roupa empilha-se nos cantos, tropeço nos milhares de sapatos espalhados. Acho que estou a ficar daltónica pois as malas de todas as cores começam a parecer todas iguais e pergunto-me porque preciso de todos estes feitios? A outra vozinha dentro de mim começa a mostrar-me os shows e as modelos a passearem na passerele, para me fazer pensar que afinal ainda me falta mais um modelo. Entro em pânico e quando dou por mim estou a trazer mais um par de sapatos para casa, tipo Carrie, sim, porque a mala não era bem aquilo que queria, mas os sapatos, esses sim...

11 de Abril e nada de Primavera... No entanto, uma mulher à beira dum ataque de nervos...

5.4.08

SATURDAY NIGHT FEVER

Sábado chegou, dia há muito desejado depois duma Páscoa passada em terras lisboetas em que S. Pedro resolveu ser gentil mas não generoso. Com o tempo pude eu bem, é verdade, e apesar de ter tido o meu ponto alto na sexta-feira santa, dia já por si só limitado a peixe em que rumei a Costa para celebrar oficialmente a chegada da Primavera como nos ‘velhos’ tempos de estudante - a habitual ida à praia - a temperatura no entanto deixou um bocadinho a desejar para a bendita chegada. Pé na areia, mesa montada de frente para o mar, sumo, peixe grelhado, vitamina, sopa, sobremesa, salada de polvo não por esta ordem é verdade, mas tudo foi saboreado com um intenso prazer.
Não que desse para bronzear, mas dada a cor de muita gente, quase arriscaria a dizer que há muita gente que não faz outra coisa se não ir para a praia logo que vê uma nesga de sol (ou será a capacidade do povo português desenrascado como é, que consegue dar a volta por cima da taxa de desemprego?!!) ou então o solário está na moda. Ainda deu para pôr a conversa em dia, fazer uma aparição surpresa mas 4 dias passaram num abrir e fechar de olhos... como sempre.
Para não variar também, devia começar a cobrar comissão ao turismo por cada indivíduo estrangeiro trazido a Portugal de cada vez que lá vou. Já agora ser ‘condecorada’ para a contribuição prestigiante da cultura e reputação portuguesas: boa comida, diversão e povo hospitaleiro. Os meus pais já nao estranham cada vez que há gente nova e diferente lá em casa, acho que no fundo também eles sentem falta desta vida itinerante e internacional que nos leva a confrontar com diferentes culturas. A minha mãe desta vez até ‘café da manhã’ passou a fazer e o meu pai então deleitou-se em explicar curiosidades e episódios da História portuguesa.
Mas voltando a Sábado, depois duma semana prolongada entre
trabalho, eventos sociais e exaustão físicas, o dia chuvoso surgiu e por incrível que pareça resolvi fazer algo que não fazia há muito tempo: ficar em casa, recostada no sofá. É verdade, já não me lembrava da última vez em que as minhas costas se tinham queixado de passar 5 hrs num sofá e em que perdi a conta ao número de episódios de séries favoritas vistas de seguida. Não quero com isto dizer que a minha vida é super glamorosa quase a atingir o estatuto de celebridade e que fica bem dizer que não fico em casa, que não vou ao supermercado, que não tenho tempo para nada dada a quantidade de eventos e uma agenda super hiper preenchida; uma vida em que é um luxo recostar-nos num futon do IKEA e não uma chaise longa, um clássico de design; em que o supermercado passa a ser um prazer e arrumar um armário o hobby favorito.

No meio disto tudo a minha vida acho que só tem falta de tempo. Será por que passo pelo supermercado? Porque ninguém arruma o armário por mim? Porque não tenho o clássico do design, a agenda super preenchida e alguém que faz tudo por mim? Deve ser isso...
Fiquei em casa e gostei. Embrulhei-me na manta, fiz chá, chocolate quente, comi biscoitos, bolachas e bolinhos, levantei-me e estiquei as pernas, voltei a sentar-me. Desliguei o telemóvel para não ser incomodada, voltei a ligá-lo, contive-me para não comunicar com o mundo exterior, sim porque a esta altura percebi que ninguém me tinha ligado nem sequer se lembrado de mim. Deitei-me, espreguicei-me, cozinhei, limpei, voltei a repetir, voltei a cozinhar... Fiz a cama, desfiz outra vez, arrumei o quarto, voltei a desgraçá-lo, experimentei os meus sapatos novos, fiz passerelle, voltei a tirá-los, resolvi experimentar o vestido, mais uma voltinha, voltei a pôr os sapatos... É foi bom, super relaxante... Gostei!!! A ver se faço isto mais vezes... com alguém...