COSPLAY
Domingo em Tóquio é como andar num parque de diversões. Em Harajuku juntam-se as adolescentes urbanas e afins mais conhecidas por Harajuku girls. Adolescentes maquilhadas em excesso pousam para as câmaras, o estilo lolita gótica ou visual kei tornam-nas numas verdadeiras heroínas de manga. Há quem explique o fenómeno dizendo que são meninas dos arredores de Tóquio que são marginalizadas na escola e que neste movimento têm oportunidade de sobressair e explorar o próprio super-ego. Confesso que só no Japão alguém se daria ao trabalho de passar horas a vestir-se daquela maneira para o passeio de domingo em pleno centro de Tóquio, tornando-se um verdadeiro ponto obrigatório de passagem para os turistas ocidentais.
Percorrendo até ao parque de Meiji, passamos por outro fenómeno a que dão o nome de Cosplay. Cosplay é praticamente um carnaval ocidental, ou seja, vale tudo onde toda a gente se veste daquilo que lhe apetece, principalmente personagens manga ou de super heróis...
engraçado que hoje recordando essas personagens, não posso deixar de sorrir. Lembro-me de ver uns 10 Elvis com traços orientais e mais um grupo vestido de cor-de-rosa, algo entre a Lolita e a Miss Piggy.
Também foi neste dia que tivémos a nossa pior experiência gastronómica... Quisémos experimentar as barraquinhas do jardim. Tudo tinha excelente aspecto, até experimentarmos uma tipo omelete com um molho desconhecido. Quando levei a omelete à boca, nesse preciso também eu me senti um cosplayer, achei que tinha virado desenho animado, tinha ficado verde, vermelha, prestes a conter um vómito. A T. olhou para mim, timidamente, e também confessou que era intragável... Depois disto fomo-nos recompor num restaurante que em tempos tinha sido um sítio de banhos públicos. Enchemo-no-nos de tempura para tirar o sabor da omelete...
Recuperadas seguimos para Shibuya onde se encontra a famosa estátua do cão Hachi. Daquelas histórias verídicas de levar a lágrimita ao canto do olho e que reza o seguinte: nos anos 20 um professor adoptou um cão abandonado e este passou a acompanhá-lo todos os dias até à estação onde apanhava o comboio para a escola. O cão não só o acompanhava como esperava-o até ao regresso do trabalho... Até um dia que o professor não voltou... Tinha falecido com um ataque cardíaco. No entanto o cão continuou a ir esperá-lo à estação e em homenagem à lealdade deste cão os habitantes fizeram-lhe uma estátua que hoje se transformou no ponto de encontro de Shibuya. Uma história de nó na garganta imortalizada há pouco tempo por Hollywood, por Richard Gere. Resta-nos a dúvida neste caso se o Hachi afinal era uma ela e se não era por isso que esperava o seu querido...
Passando à frente, também é em Shibuya que se encontra a famosa passadeira cruzada de Tóquio. Também eu fiz parte daquele maralhal que em poucos minutos atravessa e se torna num mar de gente, formiguinhas anónimas num mundo que ninguém entende...
Encerrámos a nossa excursão toquiana em frente à loja da Prada. Não porque fôssemos comprar nada, já cá faltava esse item, mas porque esta loja é um ícone arquitectónico e lá fomos nós picar o ponto. Esfomeadas também, desenráscamo-nos num restaurante de tapas japonesas. Isto num ambiente que fazia lembrar os bares / pubs nova-iorquinos pós-laborais. O fumo dos cigarros impregnava o espaço concedendo-lhe um ar algo decadente mas extremamente cosmopolita... Os empregados não falavam inglês e nós limitávamo-nos a apontar e a sorrir para tudo o que nos diziam... Nem vos sei descrever o que comi mas foram sem dúvida as melhores tapas dos últimos tempos. Eu sentia-me em casa... em Tóquio, quem diria...
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