22.4.10

TOKYO



Se Macau foi um reviver de memórias, Tóquio foi o de desfazer pseudo-memórias. Digo isto porque todos nós já vimos filmes, imagens desta cidade, temos algumas referências daquilo que ouvimos, do que lemos... Criei uma imagem dum mundo que me era desconhecido e que por resistência inconsciente nunca nutri um desejo imenso de o ver por mim própria. Julgo que talvez por preconceito ou mesmo falta de interesse por algo que achava que não me diria nada.
Surpreendida, descobri um mundo que ia para além da minha compreensão ou imaginação, senti-me criança sem o ser. Como alguém diria, é uma sociedade dum mundo tecnologicamente avançado e do mais cívico que existe, mas de um naivismo que nos cativa e fascina sem sabermos porquê. É isso! ... Talvez...
No preciso momento que saí do comboio em pleno Shinjuku desfiz todos os meus preconceitos que tinha relativamente a esta cidade. Arrastei a mala e embrenhei-me pela multidão... Tudo era novo, no fundo era como se tivesse apagado com uma borracha tudo o que tinha pré-concebido. E mais ainda, por graça, parecia que tinha entrado num jogo de computador, parece que somos transportados para o Super Mario: os semáforos, os comboios, os torniquetes da estação... E eu senti-me uma super Prainha, não super com letra maiúscula mas talvez um super com sotaque francês, em que tudo é fenomenal...
Se tinham como referência um Lost in Translation em que Tóquio nos transpõe para um mundo quase incompreensível em que nos sentimos perdidos e distantes, esqueçam. Também eu o tinha e de repente percebi que estava errada, não me senti uma estranha, muito pelo contrário, senti-me em casa. Oh, Ásia, talvez... É sempre casa! Mas não, digo-vos, foi mais que isso. Tóquio é voltar a essa infância perdida, quase naive: néons de todas as cores, uma parafernália de luzes, jogos de máquinas, uma excitação infantil que paira no ar... Mundo no qual embarcamos e que vibramos como os Japoneses... No fundo eles são pessoas como nós, ou seja, cheguei à conclusão que para mim tal era a distância mental que tinha para com eles que fui surpreendida pela aproximação emocional que tinha por tudo o que me rodeava. Faz sentido? Talvez não... no fundo o histórias sempre foram histórias e agora parecem mais confissões de Prainha.
Back to Tokyo... Decidimos aventurarmo-nos na nossa primeira refeição japonesa. O menú com imagens era bem explícito portanto não houve dúvidas. Ramen. Uma sopa de fitas com coisas a boiar, mas que nos soube como o manjar dos Deuses. De barriga bem cheia sentimo-nos completamente inebriadas com as gentes, as cores, as luzes. Ao fundo, um painel luminoso que dizia WELCOME...
Estávamos finalmente em Tóquio...


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