11.9.09

HOME STAY

- So this is the list of activities you can make and these are the rules!

Comecei a ler a lista de regras. Eu e o David cruzámos olhares... Não era nada do que estávamos à espera, para dizer a verdade, nem sei bem o que estava à espera, mas de certeza que não era algo assim. Isto mais parecia um 'acampamento militar' com uma lista desde a não poder usar alças ou saias acima do joelho ou aceitar a comida com a mão esquerda... Olhei de novo para o David, confusa...

- I have to read the rules again, I'm sure I'll forget half of them! Ri-me. - Well, acrescentou, we don't need to stay 2 nights, maybe we just stay 1 night. Ok, aqui percebi que sentíamos o mesmo...

Tentei quebrar o silêncio e não resisti a acrescentar: - I'm sure you are thinking you wish you had brought John instead of me! Isto veio a propósito dum personagem que o David conheceu antes de nos trazerem para Mescot. - The most interesting person I've ever met! The guy has been sailing for the past 5 years on a boat, his stories are amazing! Assim que acabou a frase, olhou para mim e julgo que se arrependeu do que disse. Levantei o sobrolho. - I see... I wouldn't have guessed, David! Riu-se.

Levaram-nos até à casa de acolhimento. Era do professor da vila e ficava em pleno campus escolar. Sunny não se encontrava em casa, portanto fomos recebidos por Mirna, a filha mais velha, que fez as honras da casa. Dos seus 12 anos, uns olhos brilhantes e inteligentes, mirava-nos de alto a baixo. Apresentou-se delicadamente e com um sorriso de ponta a ponta, bombardeou-nos com perguntas. De onde éramos, de onde vínhamos, quanto tempo ficávamos... - Are you friends? David riu-se. - Yes, very good friends! We've just met 3 days ago, but very good friends! Mandou-nos sentar e esperar o dono da casa.

Mirna continuou a ver televisão, até que às páginas tantas, adiantou: - Would you like to use internet? Juro que me caiu o queixo. Metade da comunicação com o David limitava-se a olhares. Tal como ele estava completamente perplexa. Desta não estava à espera, achávamos nós que estávamos no meio duma vila da selva e completamente fora do mundo.

Fomos chamados para o jantar, Sunny encontrava-se numa viagem e chegaria mais tarde. Sentámo-nos à mesa, Mirna sentou-se connosco e Meya, a mãe, serviu-nos o jantar. Não se quis sentar à mesa. Procurávamos os talheres quando Mirna começa a servir-se e a comer com as mãos. Dei um pontapé debaixo da mesa ao David: - Hey, remember the rule of the right hand? We are in a muslim house, that's why. It is all coming back to me!!! They eat with their hands. David abriu os olhos côr de mar. - Ah, you are right! So how do you eat with your hands? If my mum saw me now she would go bananas!!! Rimo-nos. Escusado será dizer que foi uma aventura a nossa refeição. Tanto um como o outro debatia-nos em levar à boca os grãos de arroz e a carne sem deixarmos cair no prato. Mirna ensinávamo-nos como fazer bolinhos de arroz e molhar no molho para ser mais fácil. Confesso que lá para o fim já tínhamos apanhado o jeito. Mas esta não seria a única surpresa do dia...

Sunny chegou entretanto, explicou que era professor de inglês e que andava a fazer um curso para dar níveis mais avançados, isso implicava estar às vezes 2 semanas fora e viajar 6 horas até KK. Alya, a bebé de 1 ano, pulava de alegria ao ver o pai, e subia em tudo o que era cadeira para chegar mais perto dele. Sunny desculpou-se, estava exausto. David pediu se podia tomar banho. Sunny coçou a cabeça e disse que sim, que lhe ia mostrar onde era, mas que se nós quiséssemos que nos levaria no dia seguinte ao rio para tomarmos aí banho. Era aqui que normalmente os habitantes iam. Chamar-nos-ia às 6 da manhã, para podermos tomar o pequeno-almoço às 7 e ele poder estar na aula às 7.30. Aqui, até engoli em seco com a perspectiva de tal alvorada. Perguntou-me se tinha sarong. Voltou a coçar a cabeça perante a resposta negativa. Perante tal, disse-lhe que não haveria problema ou arranjaria uma forma ou ia só acompanhar... Sorriu e despediu-se.

Minutos depois aparece David bem cheiroso mas com um ar desconcertado... - What's wrong? - perguntei. - Well, there is a bathroom. Very nice. There you have the toilet and you can have a shower, but it's the same as in the jungle. There's no running water, so you have the bucket scheme again... ah, and by the way, there's no toilet paper. Fiquei estática, os meus fusíveis entraram em curto-circuito. - David, there's not going to be toilet paper. That's why you are supposed to accept food with your right hand. The left is... to clean.
O David completamente lívido, procurava em mim respostas, às quais eu preferia não responder... Soltei uma gargalhada nervosa... - Oh, dear... This is just the beginning, I have a feeling...

Como era de se esperar isto era apenas o início. Às 5 da manhã, acordei de sobressalto. Abri os olhos e tentei perceber o porquê de tamanha despertina. Ouvia guinchos de animais, mas isto não eram bichos quaisquer... Eram... ratos!!! E parecia que vinham debaixo da cama. Com o coração aos pulos, chamei pelo David. Este teimou em abrir os olhos, mas acho que o meu ar de desespero foi mais convincente. - What now? Expliquei o que se passava. David sentou-se na cama, com o ar mais sério deste mundo e levantou-se. - Ok, I'm going to do speak to them! It's outrageous they are partying at this hour in the morning!!! Pois, realmente, depois de tanta bicharada, era derrotada por uns meros ratinhos. Pensei para mim. - Well, definitely not Jane, but you? Tarzan!
Não pude deixar de rir ao ver o David a investigar as feras debaixo da cama...