17.7.08

JELLY PARTY

Correndo o risco de tornar a minha vida londrina mais interessante que a minha viagem à Patagónia, tenho de ir interrompendo a saga para vos pôr a par do que se vai passando por estas bandas.

Ora o Verão Britânico está aqui como sabem e se é verdade que não traz calor e sol, eventos é coisa que não faltam. Esta gente anda numa euforia, claro que ninguém faz metade do que eu faço, mas Londres é para estas coisas mesmo, pelo menos na minha singela opinião.

Para os amantes da arquitectura ou ligados à profissão está instaurada a época da agenda mais preenchida do ano. Para além das festas imperdíveis anuais de Verão, nomeadamente a abertura das exposições finais da Bartlett e Architectural Association, as instituições académicas cá do sítio, o London Festival of Architecture está aí, ou seja, um mês de exposições, eventos especiais, instalações (até eu estive envolvida numa mas deixo isto para outro post), seminários, workshops, pequenos-almoços, conferências, caminhadas, 'bicicladas', festas e concertos espalhados por cinco pontos diferentes da cidade. Tudo serviu de desculpa para não parar em casa... e eis quando dou por mim na festa da Gelatina.

Devem estar a perguntar o que é a Festa da Gelatina, nomeadamente no círculo arquitectónico. Rezava o flyer sobre o evento gastronómico da Arquitectura, o concurso de obras arquitectónicas em gelatina de conceituados arquitectos, blá, blá, blá, mais umas quantas palavras difíceis e abstractas para compôr os slogans à l'architect, para não falar do dress code de sobremesa e aí estava eu e um bando de curiosos. O cenário arquitectónico revelava-se promissor: o pórtico neo-clássico da minha ex-universidade, palco para muitos filmes desde o Batman à Múmia, e a mesa de DJ estrategicamente colocada no topo da escadaria que convida o público a torná-lo na pista de dança mais cinematográfica em que alguma vez estive.



Logo que entrei no pátio da minha ex-faculdade percebi o quão estava errada, tudo não tinha passado duma estratégia de marketing barato. Tinha eu saído DA tão esperada festa da AA para isto, mas depois duns quantos suspiros, ter deixado 5 libras à porta e prometido a uma amiga que estaria por lá, resolvi dar mais um tempo, nem que mais nem fosse para ver a bendita das esculturas gelatinosas.
Ora bem outra vez, AS ESCULTURAS - a desilusão, achava eu que ia ver coisas monumentais tipo construção de gelo mas em gelatina e sai-me isto.



E mais isto...


E mais isto...


And the winner is...



Tenho-vos a dizer que achei que isto de sobremesa é absolutamente GENIAL, é tão arquitecto que até dói, porque não podia ser melhor, é A OBRA. Isto para abanar o capacete é do melhor, com o pormenor de que até luz tinha e o capacete parecia que brilhava no escuro... Fantástico.

Bem perante este cenário, louco no mínimo, para não falar da luta livre numa piscina de gelatina, dirigi-me à pista de dança, umas musiquitas reconhecíveis, o sol que já se punha, eu empoleirada nas minhas plataformas para me verem pois nestes eventos tenho tendência a ser derrubada por não fazer parte do campo visual da maioria dos frequentadores e abano o pé, abanico os braços e quando dou por mim já estou eu a fazer a dança da chuva...

Os meus amigos juntam-se a mim, mais umas musiquitas conhecidas e a pista já se compõe. A mesa das gelatinas define o limite da pista. Alguém por engano, para não dizer estado de alcoolemia derruba uma gelatina, volta a pô-la no lugar, ela volta a cair, até que num gesto impaciente lança-a de volta para a mesa mas vai cair no lado oposto da mesa. Do outro lado, alguém lança de novo a gelatina... Eu observava a cena e previ na minha mente cinematográfica o que relato a seguir. Voou uma gelatina, caiu no chão, passado 1 minuto vouu outra de outro lado, voa mais uma, voa outra e no espaço de segundos tinha virado batalha campal. Divididos pela mesa de gelatinas era ver voar Gherkins, Catedrais, aeroportos de Madrid, até a mesa ficar absolutamente desprovida de armas... Foi a batalha mais emocionante a que assisti e arhmmm, arhmmm, participei...

Sim porque eu que estava num ponto absolutamente estratégico de tiro ao alvo servia de escudo aos meus amigos que tentavam esconder-se atrás de mim, já que não tinha como escapar junto à parede. Depois duns quantos projécteis na minha direcção diz quem me viu que ainda hoje se lembra da cena. Arregaço as mangas, aliás tiro o casaco, procuro o pedaço de gelatina maior, cerro os olhos, sorrio para o rapazola do lado, e PAH! em cheio... na cabeça duma... Aí ninguém mais me parou, até a gelatina se ter desfeito toda e colado ao chão tornando a pista de dança na superfície mais perganhenta em que já alguma vez pisei...

Nisto vem JJ do lado de fora da batalha contar completamente chocado e consternado duma rapariga, coitada, que levou com uma gelatina - devia ter sido a catedral de St Pauls, acrescentei eu - na cabeça... Limitei-me a sorrir, enquanto à minha volta as gargalhadas apontavam na minha direcção... You did it??? No......

Oh, yes, I did it. And I'd do it again...

Confesso que já há algum tempo que não me sabia tão bem fazer das minhas traquinices... E sabem que mais? Quando não se têm expectativas tudo pode virar a melhor festa do Verão. A música, um misto de Swing e Rap ou Hip Hop ao vivo deleitou a crowd e eu só parei de dançar lá para as tantas e só porque as minhas plataformas já não me deixavam mais...

3 Comments:

Blogger Billy said...

(não consigo comentar porque ainda me estou a rir às gargalhadas!)

06:45  
Blogger Té... said...

pauleta....ultimamente, cada post, cada ataque de riso! por sorte desta vez não o li no atelier...
Bjs

21:39  
Anonymous Anonymous said...

pista peganhenta nao 'e bem :)eu diria mais escorregadia (mais q um a festa da espuma numa discoteca algarvia). O q veio a calhar pq nesse dia o sms mitico foi..."Tia tu patinas??" pois patinamos todos.
ta giro paula ta si senhor :)

09:52  

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