PARA ONDE VAMOS E DONDE VIMOS?
“Como sabes, ou não, até me considero uma pessoa organizada mentalmente! (risos) Mantenho os meus ficheiros em ordem, dou nomes a tudo, adoro etiquetas e, na faculdade, começava os trabalhos pelas capas! (doce proscratinação).Mas há departamentos que nunca foram o meu forte... o guarda-roupa é um deles. Não o entendo... não sei como é que as pessoas se vão reinventado com os trapinhos novos sem precisar de um monte alentejano como armário. Escapa-me!Recentemente mudei de casa onde vivia há apenas 2 anos para outra com mais área, mais armários, mais quartos, mais! Resultado: para duas pessoas 60 caixas de mudança (60x40x40)Por outro lado, uma amiga daqui também mudou mas para uma casa mais pequena, menos quartos e menos armários... no total 6 caixas. Explica-me! (não... não anda sempre com a mesma roupa nem com os mesmos sapatos).Desculpa o comentário um pouco off topic mas com tanto saldo à porta e tu vivendo em londres (onde sabemos que o espaço não abunda) esclarece-me esta dúvida tão existencial como de onde vimos ou para onde vamos e conta-me como te "reciclas"!”
Comentário muito pertinente duma leitora preocupada com os ‘importantes’ dilemas da vida, a quem dedico este post. Também eu me questiono de onde venho, para onde vou e como me reciclo. Aliás já não é a primeira pessoa a fazer tais perguntas. E desconfio que também não seremos as únicas mulheres com dilemas no que diz respeito ao guarda-roupa.
Às vezes penso que se me tivessem de atribuir um animal seria um caracol. Não pela lentidão, muito pelo contrário, seria um caracol com patins, mas pelo facto de que trago sempre a casa às costas, aliás para quem já me viu viajar sabe do que falo. No entanto acrescento que nunca pedi a ninguém para me ajudar e se alguém o fez foi por compaixão e piedade do meu porte franzino perante tamanha concha. A diferença entre mim e o caracol é que este cabe dentro da concha, ao passo que eu só carrego o recheio.
Mas voltando à questão, olho para o meu armário e movéis e caixas e pergunto-me como consegui juntar tanta coisa ao fim de 5 anos em Londres. É verdade, ao fim de 2 já me perguntavam como é que era possivel tanta ‘juntação’, imagina agora. Desfaço-me em desculpas mas chego à conclusão que faz parte da natureza feminina: o homem caçava, a mulher juntava e guardava. E isso minha amiga, são milhares e milhares de anos que temos de contrariar. Infelizmente não me parece que eu seja assim tão evoluída, e aliás no que diz respeito a isto sou uma verdadeira filha de Eva, quase do tempo dos dinossauros.
Depois há outra vertente feminina: a questão sentimental. Apego-me às coisas. É verdade que sou nómada portanto sem ganhar raízes em lado nenhum tenho de me enraizar nalgum sítio e isso reflecte-se na quantidade de caixas e caixinhas que tenho. O primeiro bilhete de cinema do ano, a mensagem enviada, o bilhete do Lago dos cisnes versão Tchaikovsky, o Lago versão Matthew Bourne, com o Bolshoi, ou com o Royal Ballet na Opera House. Enfim, isto já para não falar das camisolas favoritas que já passaram a roupa de dança e que não há meio de me desfazer delas, principalmente pelo que já foi vivido e o que representam. Aliás anuncio que ainda guardo as minhas primeiras Levi’s. Depois de tanta luta para as conseguir comprar, ainda hoje tenho um apego enorme por elas, apesar de sempre terem sido 2 números acima.
Depois há outro factor que é cultural. Português tem tendência para as saudades e com isto advém memórias e tudo o que apela ao sentimento. Está provado que outras etnias e culturas lidam melhor com o dilema do guarda-roupa no que diz respeito a não guardar tralha.
Agora como combino estas variáveis todas e consigo sobreviver em 15m² em Londres é obra de David Copperfield. O meu armário apenas tem 2 anos, portanto antes disso também me questiono como é que sobrevivia sem ele e onde punha as coisas. Também se calhar na altura tinha as coisas mais espalhadas… em casa dos meus pais, portanto (segredo… shhhhhhh… ainda hoje disfruto deste armazém gratuito).
Agora tenho a dizer-te que essa tua amiga pertence a um fenómeno feminino, muito raro de encontrar (ou não), que é simplesmente alguém que consegue pôr coisas fora, dar roupa e desfazer-se de tralha, sem olhar para trás (provavelmente nem é portuguesa). Mais um caso de evolução que virá possivelmente contrariar toda a teoria de Darwin. Cá para mim o nosso seguinte passo é ganhar asas que é para não juntarmos nada. Pássaro faz ninho porém…
No entanto há esperanca, já dei por mim a pôr coisas de lado, já me desfiz inclusivamente de alguma tralha e roupa. Provas de evolução genética, mas pano para muitos milhares de anos. Tento novas estratégias, sem muito resultado confesso, como o guardar durante alguns meses até nova revisão do ‘saco de desmodas’ para encontrar de novo artigos que, vê la tu, estão outra vez na berra… Que moda mais ingrata… a imaginação de hoje em dia já nao é muita como vês…
Agora como me reciclo, isso é fácil porque não tendo mudado muito nos meus últimos 16 anos, implica que ainda use coisas dos meus 14 anos (é verdade)… mas também implique que ande a juntar coisas desde então. Uso também coisas da minha mãe que até têm mais idade que eu… e com a moda que se recicla por si temos o problema resolvido, enfim…
Posto isto só te falta responder para onde vou. Aqui, amiga, também eu fiquei sem palavras. Por mais que dê voltas à cabeça não sei.
Várias hipoteses porém, ou morro afogada entre o meu guarda-roupa tipo Zé das Medalhas, ou aceito que a mudança mais facil é a de casa e de país e mudo para um ‘palácio’ (sou rainha não sou?) ou então tenho de evoluir geneticamente e não olhar para trás.
Aqui entre nós, acho que vou começar à procura de outro país onde a renda do m² consiga superar todas as estações do meu guarda-roupa…
Já agora, alguém tem para oferecer um monte alentejano?
Comentário muito pertinente duma leitora preocupada com os ‘importantes’ dilemas da vida, a quem dedico este post. Também eu me questiono de onde venho, para onde vou e como me reciclo. Aliás já não é a primeira pessoa a fazer tais perguntas. E desconfio que também não seremos as únicas mulheres com dilemas no que diz respeito ao guarda-roupa.
Às vezes penso que se me tivessem de atribuir um animal seria um caracol. Não pela lentidão, muito pelo contrário, seria um caracol com patins, mas pelo facto de que trago sempre a casa às costas, aliás para quem já me viu viajar sabe do que falo. No entanto acrescento que nunca pedi a ninguém para me ajudar e se alguém o fez foi por compaixão e piedade do meu porte franzino perante tamanha concha. A diferença entre mim e o caracol é que este cabe dentro da concha, ao passo que eu só carrego o recheio.
Mas voltando à questão, olho para o meu armário e movéis e caixas e pergunto-me como consegui juntar tanta coisa ao fim de 5 anos em Londres. É verdade, ao fim de 2 já me perguntavam como é que era possivel tanta ‘juntação’, imagina agora. Desfaço-me em desculpas mas chego à conclusão que faz parte da natureza feminina: o homem caçava, a mulher juntava e guardava. E isso minha amiga, são milhares e milhares de anos que temos de contrariar. Infelizmente não me parece que eu seja assim tão evoluída, e aliás no que diz respeito a isto sou uma verdadeira filha de Eva, quase do tempo dos dinossauros.
Depois há outra vertente feminina: a questão sentimental. Apego-me às coisas. É verdade que sou nómada portanto sem ganhar raízes em lado nenhum tenho de me enraizar nalgum sítio e isso reflecte-se na quantidade de caixas e caixinhas que tenho. O primeiro bilhete de cinema do ano, a mensagem enviada, o bilhete do Lago dos cisnes versão Tchaikovsky, o Lago versão Matthew Bourne, com o Bolshoi, ou com o Royal Ballet na Opera House. Enfim, isto já para não falar das camisolas favoritas que já passaram a roupa de dança e que não há meio de me desfazer delas, principalmente pelo que já foi vivido e o que representam. Aliás anuncio que ainda guardo as minhas primeiras Levi’s. Depois de tanta luta para as conseguir comprar, ainda hoje tenho um apego enorme por elas, apesar de sempre terem sido 2 números acima.
Depois há outro factor que é cultural. Português tem tendência para as saudades e com isto advém memórias e tudo o que apela ao sentimento. Está provado que outras etnias e culturas lidam melhor com o dilema do guarda-roupa no que diz respeito a não guardar tralha.
Agora como combino estas variáveis todas e consigo sobreviver em 15m² em Londres é obra de David Copperfield. O meu armário apenas tem 2 anos, portanto antes disso também me questiono como é que sobrevivia sem ele e onde punha as coisas. Também se calhar na altura tinha as coisas mais espalhadas… em casa dos meus pais, portanto (segredo… shhhhhhh… ainda hoje disfruto deste armazém gratuito).
Agora tenho a dizer-te que essa tua amiga pertence a um fenómeno feminino, muito raro de encontrar (ou não), que é simplesmente alguém que consegue pôr coisas fora, dar roupa e desfazer-se de tralha, sem olhar para trás (provavelmente nem é portuguesa). Mais um caso de evolução que virá possivelmente contrariar toda a teoria de Darwin. Cá para mim o nosso seguinte passo é ganhar asas que é para não juntarmos nada. Pássaro faz ninho porém…
No entanto há esperanca, já dei por mim a pôr coisas de lado, já me desfiz inclusivamente de alguma tralha e roupa. Provas de evolução genética, mas pano para muitos milhares de anos. Tento novas estratégias, sem muito resultado confesso, como o guardar durante alguns meses até nova revisão do ‘saco de desmodas’ para encontrar de novo artigos que, vê la tu, estão outra vez na berra… Que moda mais ingrata… a imaginação de hoje em dia já nao é muita como vês…
Agora como me reciclo, isso é fácil porque não tendo mudado muito nos meus últimos 16 anos, implica que ainda use coisas dos meus 14 anos (é verdade)… mas também implique que ande a juntar coisas desde então. Uso também coisas da minha mãe que até têm mais idade que eu… e com a moda que se recicla por si temos o problema resolvido, enfim…
Posto isto só te falta responder para onde vou. Aqui, amiga, também eu fiquei sem palavras. Por mais que dê voltas à cabeça não sei.
Várias hipoteses porém, ou morro afogada entre o meu guarda-roupa tipo Zé das Medalhas, ou aceito que a mudança mais facil é a de casa e de país e mudo para um ‘palácio’ (sou rainha não sou?) ou então tenho de evoluir geneticamente e não olhar para trás.
Aqui entre nós, acho que vou começar à procura de outro país onde a renda do m² consiga superar todas as estações do meu guarda-roupa…
Já agora, alguém tem para oferecer um monte alentejano?
3 Comments:
Pois e Paulinha, a amiga em questao e de Singapura...
Talvez tenhas razao e o problema seja realmente cultural, mas parece-me mais facil atribuir culpas a vontade de ter muiiiiiito por onde escolher "just in case"!
Acrescento tambem que esta necessidade de rentencao de inutilidades passa nao so por roupa que ja nao serve ou tem buracos mas tambem por aparelhos electronicos que ja nao funcionam, dvds que estao riscados e livros que ja li e SEI que ja nao vou reler...
Deixo a sugestao do marido de uma outra amiga (esta argentina) que insiste que se nao cabe numa mala de viagem ou nao tem um formato digital nao vale a pena comprar/acumular. E LIXO!
ps. obrigada pelo esclarecimento... mas as duvidas continuam!;)
Pois, estas pior que eu. Porque eu ja deito coisas fora. E as vezes da-me uma furia e vai tudo a eito. Experimenta talvez com musica, daquelas que te fazem ate limpar o chao da casa-de-banho e a sanita. De preferencia com ritmo e batida rapida para acompanhares com o corpo e esqueceres-te de olhar para tras...
Ora alguém que me perceba!
Prestes a mudar de casa, ou melhor, a mudar de um quarto para uma casa, ainda assim tenho pesadelos em onde conseguirei eu arrumar todas as minhas tralhas???
Em teoria, terei muito mais espaço para me espalhar...mas é mentira! Já que a área "social" que ganharei idealmente não será para "invadir" com os meus pertences (e refiro-me unicamente a trapos, sapatos, malas e acessórios). Estes terão de voltar a ser "encafoados" num quarto e roupeiro ainda mais pequeno do que disponho hoje!
Agora digam-me, o que faço a tanto topzinho que embora já não tenha coragem de usar, pois na altura tinha 16 anos mas ainda babo ao olhar para eles?? E aos bikinis que já estão com a licra mais que usada, mas continuam a decorar uma gaveta tal não foi a paixão que nos uniu em tantos verões? Penduro-os no meio da sala???
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