EXCELÊNCIA versus FELICIDADE
Isto é a segunda receita da semana. Mandaram-me este texto aqui há uns dias e dei comigo a relê-lo e relê-lo vezes sem conta. Passo a transcrevê-lo só para contextualizar os que ainda não ainda tiveram a felicidade de o ler. Os outros felizardos que me desculpem, sei que isto é um pouco cliché, roubarmos crónicas de outrem para enchermos o nosso espaço de antena, mas na minha humilde opinião, acho que não podia ser melhor, o sr. falou e está dito... Mas se se acharem já contextualizados com o assunto passemos ao fundo da questão...
O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida, mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
Isto coincidiu com a leitura de um dos livros comprados para esquecer o tempo frio machesteriano. O livro - confesso que lhe franzi o sobrolho - quando vi os comentários de best-seller blá, blá, apelando ao típico público feminino. Mas a minha amiga insistiu: - My friend said it is brilliant. But have you read it yourself? No, but...
Bem o dano também não seria muito grande e aliado a uma promoção leve 3 pague 2 (isto não soa nada bem) posso dizer que foi uma 'bargain'. Bem, mas continuando que eu não quero desrespeitar o Sr. José P. Coutinho e comparando-o a uma escritora tipicamente americana de literatura cor-de-rosa mas já há algum tempo não me sentia presa a um livro. Isto porque há alguns meses que toda a leitura a que me cinjo ou é sobre iluminação de rua ou numa tentativa de aumentar e consolidar a minha cultura geral sobre a História do mundo. Páginas e páginas de conhecimentos e nomes que o meu pequeno cérebro entra em curtas sinapses logo que o olho vislumbra os volumes de sabedoria, tal e qual tomada em curto circuito.
Mas voltando ao livro, é sobre a busca da felicidade por uma mulher que acabou de sair dum processo de divórcio entre muitas outras coisas. Escrito em tom de biografia, ela decide ir 4 meses para a Itália em busca de prazer, facto que descobre num prato de pasta. 4 meses na Índia em busca de Deus, e 4 meses em Bali porque um vidente lhe disse que ela tinha de ir.
Comecei-o na viagem para Manchester e li a primeira parte do livro, ontem deixei a televisão (coisa rara, pois como eu não tenho TV aqui em Londres porque não quero, quando vejo uma não consigo desprender os olhos) li Índia e hoje a caminho de Londres li Bali. Dei comigo a rir, a sorrir e emocionada algumas vezes... Reli passagens para me lembrar mais tarde. Inspirei-me e inspirei. No fundo senti-me feliz por ter dado tão pouco pela minha felicidade. Ás vezes é tão simples, outras vezes... como a Liz conclui é um processo que nos remói as entranhas...
O que é que isto tem a ver com o texto acima? Nada, absolutamente nada.
Ela encontrou a felicidade e em nenhuma das coisas que a sociedade nos incita a atingir.
Dah!!! Pois, eu sei...
Não batam mais na ceguinha mas eu sei disso, nós sabemos disso, vocês também já o sabem.
Mas então quando é que vamos todos decidir ser felizes?
O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida, mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
Isto coincidiu com a leitura de um dos livros comprados para esquecer o tempo frio machesteriano. O livro - confesso que lhe franzi o sobrolho - quando vi os comentários de best-seller blá, blá, apelando ao típico público feminino. Mas a minha amiga insistiu: - My friend said it is brilliant. But have you read it yourself? No, but...
Bem o dano também não seria muito grande e aliado a uma promoção leve 3 pague 2 (isto não soa nada bem) posso dizer que foi uma 'bargain'. Bem, mas continuando que eu não quero desrespeitar o Sr. José P. Coutinho e comparando-o a uma escritora tipicamente americana de literatura cor-de-rosa mas já há algum tempo não me sentia presa a um livro. Isto porque há alguns meses que toda a leitura a que me cinjo ou é sobre iluminação de rua ou numa tentativa de aumentar e consolidar a minha cultura geral sobre a História do mundo. Páginas e páginas de conhecimentos e nomes que o meu pequeno cérebro entra em curtas sinapses logo que o olho vislumbra os volumes de sabedoria, tal e qual tomada em curto circuito.
Mas voltando ao livro, é sobre a busca da felicidade por uma mulher que acabou de sair dum processo de divórcio entre muitas outras coisas. Escrito em tom de biografia, ela decide ir 4 meses para a Itália em busca de prazer, facto que descobre num prato de pasta. 4 meses na Índia em busca de Deus, e 4 meses em Bali porque um vidente lhe disse que ela tinha de ir.
Comecei-o na viagem para Manchester e li a primeira parte do livro, ontem deixei a televisão (coisa rara, pois como eu não tenho TV aqui em Londres porque não quero, quando vejo uma não consigo desprender os olhos) li Índia e hoje a caminho de Londres li Bali. Dei comigo a rir, a sorrir e emocionada algumas vezes... Reli passagens para me lembrar mais tarde. Inspirei-me e inspirei. No fundo senti-me feliz por ter dado tão pouco pela minha felicidade. Ás vezes é tão simples, outras vezes... como a Liz conclui é um processo que nos remói as entranhas...
O que é que isto tem a ver com o texto acima? Nada, absolutamente nada.
Ela encontrou a felicidade e em nenhuma das coisas que a sociedade nos incita a atingir.
Dah!!! Pois, eu sei...
Não batam mais na ceguinha mas eu sei disso, nós sabemos disso, vocês também já o sabem.
Mas então quando é que vamos todos decidir ser felizes?
1 Comments:
Qual é o livro? Fiquei curiosa!
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