10.2.07

010 THE BEACH

















Por mais que aspire a dias estirada ao sol, sem fazer nenhum, a verdade é que o sol tropical não é meu amigo. Acabo por ficar confinada à sombra dos coqueiros (quando os há) e se possível com vista para a água turquesa. Isto parece sonho, mas a verdade é que ao fim de 3 hrs estou completamente impaciente e começo a ficar com bichos carpinteiros...
Ora as minhas companheiras de viagem pareciam sofrer do mesmo mal e logo que surgiu a oportunidade para evitar tamanho entediamento, optámos por ir num tour organizado de 'snorkeling' para um arquipélago ao sul da ilha. Dado que a 'fauna' local de mergulhadores e instrutores prometia um dia bem passado, resolvemos ir num grupo...
Uma carrinha veio buscar-nos, e as misses viraram sardinhas em lata... Para começar, se o ir apertada fosse apenas o problema, seria bom... A carrinha (daquelas para 9 pessoas) devia ter sido do tempo em que o galego pisou pela primeira vez a ilha... os assentos abanavam por tudo o que era sítio, suspensões inexistentes, a porta não fechava e os vidros não corriam. Isto em estradas de terra batida, daquela vermelha, a poeira a entrar por todas as janelas, e eu a bater no tecto, cada vez que a carrinha pisava num buraco... Podem imaginar o meu estado quando cheguei ao porto: cabelos em desalinho, cara e roupa cor de poeira vermelha...
Sempre animada, lá nos levaram ao barco. Depois de instaladas, chamaram-nos outra vez: porque queriam que fôssemos noutro barco... Volta a trocar de transporte... Mandaram-nos subir para o topo do barco pois a proa já estava lotada - de crianças (lá se foram os mergulhadores). Lá em cima já se encontrava um casal sino-sueco instalado. Novamente com limitações de espaço, pelo menos à sombra, démos início à operação protector solar e arrancámos rumo ao desconhecido.
A paisagem é indescritível, mas para quem já esteve nas ilhas tailandesas assemelha-se em tudo. A água turquesa onde os barcos da mesma cor se confundem com o fundo. As ilhas virgem, onde os coqueiros limitam a verde a língua amarela de areia e onde de vez em quando é possível descortinar uma palhota e crianças a correr na praia. Cenário tropical digno dum filme de James Bond...
O barco parou junto a uma ilha desabitada. Agora a missão das Bond Girls era outra: equipar-nos para a nossa expedição de snorkeling. Confesso que foi a primeira vez que o fiz com o equipamento todo. A última vez julgo que teria sido aos 9 anos nas Filipinas em que pisei num ouriço enquanto punha os óculos e andei com os espetos enfiados no dedo grande do pé durante uma semana.
Ainda estava eu a experimentar o colete (ainda traumatizada, não queria pisar outra vez num ouriço), já a criançada estava a atirar-se à água. Estava eu no ar para mergulhar e a criançada a voltar rumo ao barco. Gritavam e coçavam-se. Meio em francês, meio em sueco, lá conseguimos perceber que tinham sido picados por alforrecas e que a água estava cheia delas. Como não eram vistas a olho nu, resolvi deixar e aventurar-me. Senti umas picadas mas nada que não fosse suportável e dei início à minha exploração subaquática. Confesso que estava à espera dum mundo mais cromático, no entanto a visão de ouriços gigantes como nunca tinha visto antes fizeram-me arrepiar e agradecer o facto de ter um colete para poder flutuar. Mas os peixinhos começaram a surgir e a vir cumprimentar-me. Tal e qual criança deixei-me estar na água até ficar encarquilhada até que nos chamaram e rumámos para A PRAIA, a visão do paraíso não fosse a existência e sinais de vida humana.
Com o barco ao largo, nadámos até à areia. Deixo o resto à vossa imaginação, mas ainda hoje imagens deste dia me vêm à memória, tal e qual postal.
Só acrescento que enquanto almoçávamos a mulher do casal sino-sueco queixava-se que não tinha dormido nada, devido à presença de bichos estranhos no telhado, ela achava que eram ratos. Conversa puxa conversa chegámos à conclusão que eram os vizinhos do nosso bungalow... Lá a descansámos comunicando que não eram ratos, mas lagartos, ao que o marido sueco concordou e agradeceu-nos...
Nisto surge-nos A personagem: Bond girls conhecem Zezé Camarinha II. Achavam vocês que Zezé era só um, pois tenho-vos a dizer que não é só exclusivo como também vem noutras línguas e tamanhos. Pacote francês, mas bastante poliglota, um italiano nascido em França e que se desenrascava em inglês. Com tal visão das beldades, quis tirar até foto com as misses para mostrar aos amigos. Charme não faltou e deixas como ´Eu gosto é das morenas!', fazendo sinais para China e Saigão e 'as portuguesas são mulheres gostosas!' deixariam Zezé Camarinha I completamente fora de jogo.
Regresso ao porto, démos início a viagem em poeira vermelha parte II. Desta vez eu e China no banco da frente. Indescritível, não resisti a registar como movimento e som tais imagens inacreditáveis.. Quantas vezes fechei os olhos e me agarrei a China a pensar que íamos passar por cima ora de cão, ora de galinha, ora de vacas. É incrível como a bicharada e o homem convivem em sintonia nesta ilha, numa coreografia arriscada mas muito criativa.
Para comemorar a condição de sobreviventes resolvemos celebrar a nossa última noite de Verão no bar do Galego. Muito mais podia descrever e relatar sobre as personagens que fomos encontrando ao longo destes dois dias, com uns estabelecemos contacto, com outros limitámo-nos a especular: 'Tarzan', um alemão misterioso, residente há 6 meses na ilha, mas personagem favorito das nossas histórias de espiões e máfia; o casal de australianos que resolveu gozar a sua reforma na ilha; e por último Jack e a irmã, um americano que falava português do Brasil e que ensinava inglês até então na cidade de Rach Gia. Por sinal conhecido em toda a vila dada a sua altura de 2m.
Em grande algazarra, a noite já ia avançada quando resolvemos retirar-nos e o cansaço era tanto que caímos cada uma em sua cama e nem ouvimos os 'tigres' do telhado...

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