26.10.07

PENSAMENTO DO DIA

Este ano o meu filme já passou e acabou. Até banda sonora alguém fez para mim…
Muitos figurantes, algumas personagens secundárias, outras principais, mas a vida nao é como nos filmes em que tudo acaba bem.


Vida é mais série, em que ficamos à espera da próxima temporada...

17.10.07

017 LOST IN TRANSLATION



Lost in translation acho que é o título perfeito para este final de viagem.
17 dias de viagem, sem contar outros que foram passados em Lisboa, Porto, entre família, festas natalícias. Fazendo bem as contas foram mais de 3 semanas de férias, 12 vôos em 25 dias de viagem. Os ecologistas que não me ouçam...
E chegando ao fim, depois de tantos meses de mentalização e preparação, a sensação que tive foi dum vazio, duma pancada no estômago em que não sabemos donde viémos nem para onde vamos. O desejo de pararmos o tempo e de evitar a realidade, o embate absoluto com a verdade que não queremos enfrentar.
- Estás triste! - disse-me ele. Respondi com um sorriso amarelo que não, cansaço apenas. Jet lag, muitas viagens, muitas emoções, necessidade de férias das férias.
Tinha razão, a melancolia invadiu-me e não consegui lutar. Apesar das caras familiares no aeroporto, senti-me perdida e confusa. Perdida em mim, perdida em tradução dos meus pensamentos, de culturas, da minha alma de viajante, de descobridora que me faz fazer as malas vezes sem conta.
A questão colocou-se: depois deste mês 'fora do mundo' quanto é que me custará voltar à minha rotina? Rotina onde a secretária e computador passarão a substituir a procura dos melhores restaurantes e pensões para passarmos a noite; onde frio dará lugar ao calor, onde mercados de rua, cheiros e cores darão lugar ao frenesim do mercado de Notting Hill e muitas mais coisas...
Quantos meses mais conseguirei eu aguentar parada no meu canto, estabelecida?
Parar é morrer, soa-me a mote familiar. E o resto são histórias...




16.10.07

016 THE GREAT WALL










Viagem a Pequim e não ir à Muralha da China é como ir a Lisboa e não comer Pastéis de Belém. Equipadas como se fôssemos para o Pólo Norte rumámos aos pastéis, perdoem-me, à muralha. Para quem chega ao sopé da muralha, quase não dá por ela, apenas pelas barraquinhas para os turistas e as poucas tabuletas em alfabeto latim que denotavam alguma parecença e familiaridade com o inglês. Sim, porque turistas, nem vê-los, quinta-feira, 11 de Janeiro, já fora da época de férias e com -5º C dá que pensar!?!
Instaladas no teleférico démos início à subida da Grande Muralha. O silêncio reinava quando chegámos ao topo e sentimo-nos as únicas sobreviventes nesta conquista. É realmente uma visão majestosa e a paz e serenidade da paisagem envolve-nos na misticidade da cultura oriental. Mais de 2000 anos de História e 6 400 kms de comprimento são mais do que suficientes para nos reduzir à nossa insignificância como meros mortais.
Torna-se difícil exprimir o estado de silêncio e respeito que se sente.
O tempo esteve a nosso favor e contribuiu para todo este cenário digno de imagens da National Geographic. O céu azul reflectia-se nas pedras do chão que ainda estavam molhadas da neve derretida. O sol acentuava os reflexos e as sombras críspidas criavam contrastes fortes onde cores e tonalidades se fundiam num todo. Um vendedor no topo da muralha dormia enroscado para se tentar aquecer ficando para sempre na minha memória como imagem de postal.
Percorremos ainda umas valentes centenas de metros, para não dizer quilómetros, e resolvemos dar por terminada a expedição. Desta vez optámos por descer da forma mais rápida possível neste ponto turístico - tobbogan.
Depois da descida alucinante, resolvemos ir à zona 'arty' de Pequim onde os artistas teimaram em instalar-se em ruínas de fábricas e armazéns. Deambulámos pelas várias ruelas, galerias e exposições e acabámos numa casa de chá, onde o dono canadiano conseguiu reconhecer a nossa língua devido a 2 anos de telenovela brasileira enquanto estabelecido em Cuba. Como veio parar a China não conseguimos descobrir. Cada um tem a sua história ou novela...
Mais um manjar dos deuses e assim terminaria a nossa estadia em Pequim - 25 kgs para empacotar fora outros 20 para carregar às costas.
Memórias, recordações, tralha, quinquilharia, nao dá para descrever, ou daria mas significaria entediar o leitor com listas infindáveis de compras e aquisições...

14.10.07

2 MESES DEPOIS...

2 meses depois e de muitas mais reclamações, retomo o blog.
Mais uma vez poderia desfazer-me em desculpas com o tempo ou a falta dele, os eventos sociais, as férias, as viagens, os amigos, as visitas, o trabalho... mas só vos posso dizer que apesar do ditado dizer que quem corre por gosto não cansa, confesso que o meu corpo já andava a queixar-se com tanta agitação.
Olha agora para trás, e quase posso ouvir a minha mãe de novo - Esta miúda tem bichos carpinteiros!!! O mundo não acaba amanhã!!! - O mundo não acaba, mas o Verão sim...
E dado que do Verão britânico este ano apenas me restaram memórias de tempestades, cheias, temperaturas abaixo de 20º, vento cortante, morangos e penino nos muitos copos de pimm's bebidos no Pub Feliz, botas e ganardine a estação inteira, pus pés ao caminho em busca da estação perdida, tal e qual missão das Cruzadas.
Lá para o princípio de Agosto ainda reinava a esperança de que o Verão estaria à porta, mas as semanas passavam e nada faria pensar o contrário. A minha intuição estava certa e em tanta euforia, marquei viagens para quase todos os cantos europeus que prometiam sol.
Ela foi Croácia, 10 dia de sol e água turquesa (sim, porque praias, nem vê-las, não sei que conceitos de praia esta gente tem, praia verdadeira é só a nossa); ela foi Itália (2 viagens), Florença, Pisa e Adriático; e claro está como não podia deixar de ser, a minha muita amada Lisboa. Foi a loucura de Verão, faz mala, desfaz mala, faz mala, desfaz mala, 4 fins-de-semana sem passar por Londres.
No entanto, mais uma vez mais quem corre por gosto não cansa e sinto que a minha busca do Graal não foi em vão. Hoje ainda me resta um bronzeado que ainda me dá um ar saudável, milhares de fotografias e memórias de amigos, momentos e coisas diferentes. Mais histórias e tema de conversa para muitas entradas do blog...